O almirante Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Avisa), que chegou a ser conselheiro do governo federal na pandemia, vem mudando o posicionamento frente às falas do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Barra Torres condenou as declarações de Bolsonaro contra a vacinação de crianças e aos diretores da Anvisa. Ele afirmou que a campanha em oposição à imunização do grupo de 5 a 11 anos estimula grupos antivacina a ameaçarem funcionários da agência reguladora.
O líder do poder Executivo prometeu expôr nomes de servidores da Anvisa após o órgão aprovar o uso das doses da Pfizer contra a covid em crianças. "Não tenho dúvida que as duas falas contribuíram sobremaneira para o número aproximado de 170 ameaças de morte, agressão física, violência de todo tipo contra servidores e seus familiares que a Anvisa tem recebido", disse Barra Torres.
Na última segunda-feira (27), um apoiador do Bolsonaro enviou um e-mail com uma série de ameaças aos diretores da Anvisa com um vídeo em anexo onde executa o próprio cachorro, enforcando-o e dizendo “olha o que vai acontecer com vocês”. O caso foi divulgado pela jornalista Natuza Nery, do Globo News.
O chefe da agência reguladora disse ainda que há uma sensação de “desamparo” no órgão, que aguarda retorno da Polícia Federal sobre o pedido de proteção aos funcionários. Ele afirmou que os servidores trabalham "no limite" e diz recear pela saída de técnicos — de um total de 1,6 mil, 600 têm tempo suficiente para se aposentar, segundo Barra Torres.
O almirante também considerou inapropriada a consulta pública e a proposta do ministro da saúde, Marcelo Queiroga, de cobrar prescrição médica para vacinação das crianças. "Não guarda precedentes no enfrentamento da pandemia e está levando, inexoravelmente, a um gasto de tempo", disse.
Questionado sobre a relação com o presidente Bolsonaro, Antonio Barra Torres disse que a ameaça de exposição dos nomes dos funcionários da Anvisa “trouxe dificuldade desnecessária, criou ambiente de insegurança, dificultou o trabalho de enfrentamento da pandemia de sobremaneira. Essa ação acaba por influenciar a relação pessoal”.
Saiba Mais
- Política Psol aciona STF contra portaria que proíbe exigência de vacinação na volta às aulas
- Política Categoria que representa 80% do funcionalismo pode entrar em greve no começo de 2022
- Política Conselheiros do Carf entregam pedido de suspensão de sessões à presidência
- Política Quase mil fiscais da Receita Federal entregam cargos de chefia
- Política De férias em SC, Bolsonaro visita loja da Havan e dança com funcionários
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.