A penúltima live do ano do presidente Jair Bolsonaro deixou claro que ainda existem rusgas entre o chefe do Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado sobre o ano de 2021, Bolsonaro disse, na noite desta quinta-feira (23/12), que a "tristeza" desse ano foi a interferência do Judiciário em seu governo. Apesar de não citar nomes, a declaração foi uma referência direta às decisões dos ministros da Corte.
"As tristezas são as interferências indevidas. O tempo todo interferência indevida no Poder Executivo, afasta a presidente do Ibama, não deixa nomear não sei quem lá, tem que fazer isso, tem que fazer aquilo, não é atribuição dessas outras pessoas isso. Poderíamos estar melhor se não tivessem algumas pessoas nos atrapalhando", disse.
Desde que assumiu a presidência da República, Bolsonaro faz duras críticas ao STF. O presidente afirma que o tribunal atua em causas que são de competência de outras esferas. Um desses exemplos, segundo ele, foi a decisão da Corte que permitiu a prefeitos e governadores adotarem medidas contra a disseminação da covid-19 e a proibição, em 2020, de o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, assumir o comando da Polícia Federal.
O presidente também citou a aprovação do ministro André Mendonça para o STF, em uma espécie de campanha antecipada, ressaltou que o próximo presidente eleito poderá indicar dois nomes para a Corte. “No ano que vem, quem você botar na presidência vai indicar dois ministros para o Supremo, como eu indiquei ministros que tem uma certa afinidade conosco. Defende as pautas de família, armas, liberdade religiosa. Eu duvido que eles vão agir diferente do que eu estou falando aqui e agora”, afirmou.
Manifestações de 7 de Setembro
O auge da crise entre os Poderes foram as manifestações antidemocráticas de 7 de setembro. Os protestos pediam expressamente o fechamento do STF e a destituição de todos os ministros da Corte. Jair Bolsonaro chegou a dizer que não obedeceria mais às ordens do Supremo. No entanto, pressionado e cada vez mais isolado, ele divulgou uma ‘Carta à Nação’, escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, recuando de todos os ataques e afirmando que iria trabalhar em prol da “harmonia entre os Poderes”.
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