A sinalização do avanço da chapa Lula-Alckmin mexe no cenário das eleições em 2022, sobretudo com pré-candidatos que disputam a atenção de eleitores da chamada “terceira via”.
O ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido, ex-PSDB) fizeram sua primeira aparição conjunta em público no último domingo (19/12). Para a doutora em ciências políticas, Carolina Botelho, a possível aliança do petista com o ex-tucano é um aceno à parcela dos eleitores que a terceira via disputa:
“Está mirando uma fatia do eleitorado que o Ciro, de uma forma, tentou seduzir, penso eu, com uma estratégia errada. E o Moro simula querer, apesar de eu achar que ele não seja de centro-direita nem centro, o histórico dele é de um apoiador que trabalhou para extrema-direita.”
A pesquisa Ipespe sobre intenções de voto para presidente em 2022, divulgada nesta segunda-feira (20) mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando com 44% das intenções, seguido de Jair Bolsonaro (PL), com 24%. Na disputa pela terceira posição, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) tem 9%, Ciro (PDT) aparece com 7% e Dória (MDB) pontuou 3%.
“Eu rejeito a ideia de terceira via, porque ela não aconteceu. O que aconteceu foi a expectativa de algo que não se concretizou. Embora muita gente ache que a sua construção seja importante, se fosse tão essencial assim, ela apareceria.”, afirma Carolina Botelho.
O ex-juiz Sergio Moro, candidato do Podemos ao Planalto, fez questão de criticar a eventual aliança. Nas redes sociais, mencionou o encontro de domingo entre Lula e Alckmin: "Impressão minha, ou ontem (domingo) assistimos a um jantar comemorativo da impunidade e da grande corrupção?", postou no Twitter.
Já Ciro Gomes foi mais discreto, e não comentou o assunto. O Correio procurou a assessoria do pedetista para comentar o tema, mas não teve resposta até a publicação da matéria. As assessorias de Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD), Sergio Moro (Podemos) e João Dória (PSDB) também não responderam.
Para o mestre em Ação Política e coordenador da pós-graduação Mackenzie Brasília, Márcio Coimbra, o objetivo do Lula é se aproximar do eleitorado de centro “E aí ele enfraquece mais a terceira via, caso esse movimento cole no eleitor.”. Ele ainda completa, dizendo que com a aliança, o PT ambiciona ganhar a eleição ainda no primeiro turno:“O Lula está fazendo esse movimento para garantir a eleição no primeiro turno, evitando um embate no segundo turno com um pré-candidato da terceira via.”
No entanto, o especialista avalia que a briga dos pré-candidatos da terceira via no primeiro turno é com o atual presidente, não Lula: "A terceira via não está preocupada com o Lula hoje, o foco deles é ganhar do Bolsonaro no primeiro turno. O foco de qualquer nome que pleiteia uma vaga no segundo turno é passar o Bolsonaro, que tem chances de desidratar, o Lula já está garantido no segundo turno. Por isso que o Ciro não cresce, porque ele bate no Lula, tinha que bater no Bolsonaro.”
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