ELEIÇÕES 2022

Análise: o brasileiro não quer um presidente; quer mais um impostor para lhe cornear

"Nunca vi gente tão louca por traição como o brasileiro. Entra eleição, sai eleição e lá está ele a conduzir um picareta ao Olimpo da politicalha nacional", analisa Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 20/12/2021 10:37 / atualizado em 20/12/2021 10:37
Eleitor brasileiro,
Eleitor brasileiro, "bando de idiotas sem amor próprio, isso sim" - (crédito: Crédito: Antonio Augusto/secom/TSE)

Há políticos decentes e que prestam? Sim, há. Procurando, muito bem procurado, até que encontramos, aqui e ali, alguns espécimes do gênero, mas são tão raros quanto picanha no meu churras ou gasolina na minha furreca.


Fato é que, políticos, por natureza, são diferentes de nós, eleitores. Buscam o poder e o reconhecimento acima de tudo, e muitas vezes desconhecem limites — éticos, morais, humanos, etc — em busca do objetivo.

Eleitor comum

O eleitor médio não está nem aí para a política e os políticos. Querem apenas tretas e algumas palavras de ordem. Sobrando tempo, querem também, em alguns casos, comida farta e barata, e ladrões na cadeia. País desenvolvido é coisa de sonhador.

Os lulopetistas não estão nem aí para esse negócio de corrupção. Os bolsonaristas não estão nem aí para rachadinhas e negacionismo. E os que não estão nem aí para os dois lados não estão nem aí para nada também.

Sergio Moro é intelectualmente preparado e moralmente ilibado, características que Lula, o meliante de São Bernardo, e Bolsonaro, o verdugo do planalto, não possuem, mas isso não lhe garante nem sequer 10% nas pesquisas.

Erros em série

João Doria administra exemplarmente o maior estado da Federação - o único que cresceu na pandemia. Literalmente salvou milhões de vidas com a vacina que trouxe da China, mas quem se importa? Afinal, ele usa calça apertada.
Em 2018, nós tínhamos os geniais Henrique Meirelles e João Amoedo, mas preferimos… Bolsonaro! Como já preterimos outros ótimos candidatos em favor de uma estoquista de vento, um coroné com o "saco roxo" e um sindicalista de araque.

Por quê? Ora, porque potenciais bons ou ótimos candidatos à Presidência do País costumam ser chatos, educados, sem graça, esnobes. Pouco importam o preparo, a experiência, a honradez e a história pregressa.

Corno manso

Brasileiros gostam de cabras-macho; de mitos; de pais e mães dos pobres; de salvadores da pátria. Pouco importa se roubam, se são rachadores, milicianos, corruptos, assassinos, negacionistas ou o escambau.

Se o cara promete o que não vai cumprir; se jura a inocência que todas as provas indicam contrário; se invoca o nome de Deus; se garante que a Terra é plana; se promete varrer o mal de nossas vidas (males é que não faltam!), tem boas chances de ser eleito.

O eleitor brasileiro não quer um presidente; quer um impostor para lhe cornear. É o tal "corno manso", ou hiena, que come carne podre e ri. E ainda sai por aí brigando com os outros, em nome de quem os corneia sem parar. Bando de idiotas sem amor próprio, isso sim.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação