INVESTIGAÇÃO

Alvo da PF, Cid Gomes chama operação de "molecagem" e Bolsonaro de "moleque maior"

Polícia Federal fez buscas contra Ciro e Cid Gomes nesta quarta-feira (15/12) por suspeita de propinas em obras da Arena Castelão, no Ceará. Cid acusa Bolsonaro e aparelhar corporação

Luana Patriolino
postado em 15/12/2021 23:07 / atualizado em 15/12/2021 23:07
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Em meio à crise, o ex-governador do Ceará Cid Gomes se reuniu com aliados e concedeu coletiva de imprensa, na noite desta quarta-feira (15/12), para prestar esclarecimentos sobre a operação da Polícia Federal que envolveu o nome dele e o do irmão, Ciro Gomes, pré-candidato à presidência da República pelo PDT.

Cid teceu críticas à corporação, classificando a força-tarefa como “molecagem”. “Eu sintetizaria numa palavra o que eu considero isso: uma molecagem. O que fizeram hoje foi uma molecagem que tem toda uma narrativa. A Polícia Federal é uma instituição ultra respeitada, ultra reconhecida, tem ao longo da sua história prestado relevantes serviços ao país, mas, lamentavelmente, isso tem que ser denunciado. Ela está sendo, por sua direção, completamente aparelhada”, ressaltou.

O político também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “moleque maior”. "O presidente Bolsonaro, que é um moleque maior, está aparelhando a Polícia Federal. Ele recrutou um medíocre, aliado de seus familiares, para dirigir a Polícia Federal (se referindo a Paulo Maiurino). Vou recorrer para ter de volta meu aparelho de telefone, meu Ipad, minha vida está ali", disse, em entrevista coletiva concedida na Assembleia Legislativa do Ceará.

Suposta corrupção na Arena Castelão

Ciro e Cid Gomes foram alvos de uma operação da PF ontem, para apurar um suposto esquema de corrupção envolvendo as obras da Arena Castelão — que passou por uma reforma para receber a Copa de 2014.

A força-tarefa, batizada de Operação Colosseum, apura a suspeita de fraudes e pagamento de propinas a agentes políticos e servidores públicos envolvendo as obras no estádio Castelão, em Fortaleza (CE), entre 2010 e 2013. A Justiça também determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos envolvidos, inclusive, os irmãos Gomes.

Segundo a PF, as investigações apontam para um “possível pagamento de vantagem indevida para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio".

Foram deslocados 80 policiais federais para a força-tarefa, com o objetivo de cumprir 14 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Meruoca, Juazeiro do Norte, no Ceará; São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). As ordens foram expedidas pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, 32ª Vara Federal Criminal no Ceará.

A apuração ainda indica que o valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, vindo em parte de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas", disse a PF em nota.

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