O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, ressaltou que, apesar dos desafios socioeconômicos vividos no país, houve um esforço constante na busca pela redução consistente da relação dívida/PIB, problema já antigo nas contas públicas do Brasil. "O Brasil foi o único país do mundo que tomou medidas para o controle do gasto público durante a pandemia", afirmou, durante o seminário Desafios 2022: Para onde vai o Brasil, promovido pelo Correio Braziliense.
O secretário apresentou dados, durante sua exposição, mostrando que o número de servidores ativos no governo federal caiu de mais de 600 mil para 586 mil funcionários, entre 2019 e 2021. Além disso, Sachsida citou a realização das reformas da Previdência, as mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a criação do novo marco fiscal, entre outras medidas que geraram economias para os cofres públicos.
Para o próximo ano, Sachsida projeta que pelo menos três indicadores da economia brasileira terão perspectivas positivas: o investimento privado, o cenário externo e o mercado de trabalho, com destaque especial para o último ponto. "Com a vacinação em massa e o retorno seguro ao trabalho, uma parcela expressiva de trabalhadores deve ingressar no mercado nos próximos 12 meses", disse.
Sachsida destacou, no entanto, que ainda há muito a melhorar. "É essencial reduzir a má alocação de recursos, aprimorar os marcos legais e avançar com as privatizações e concessões", afirmou. Ele destacou, ainda, o aumento do crédito e dos investimentos privados, paralelamente à contenção da ação do Estado na economia. "Críticas existem, mas o setor privado é tão mais eficiente que a sociedade acaba se beneficiando muito mais", disse.
O secretário ainda enfatizou a necessidade da reforma administrativa. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 32) foi aprovada, em setembro, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, mas ainda precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado. A intenção do governo era de que ela fosse aprovada ainda este ano.
"É claro que eu gostaria de ter uma reforma administrativa, mas em uma democracia se avança em consensos. É melhor avançar passo a passo na direção correta do que ficar parado", defendeu. "Para consertar um país, não tem bala de prata. É você tomar passo a passo as medidas corretas por um período longo de tempo", concluiu.
Infraestrutura
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, observou que há um programa enorme de investimento em infraestrutura, em especial com o avanço da iniciativa privada e a melhora na regulação de saneamento. Ele criticou, no entanto, a má gestão dos recursos públicos.
"Apesar do crescimento do investimento privado, a nossa qualidade do gasto orçamentário é muito ruim. Ela prioriza o gasto de custeio e os subsídios, e, infelizmente, o país não volta a crescer, pois não há investimento público", criticou. "Não tem sido suficiente para aumentar o volume global de infraestrutura", explicou.
Na avaliação de Tadini, o Brasil está há 40 anos sem um projeto de desenvolvimento. O resultado disso, apontou, foi a queda de cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de investimento em infraestrutura, entre os anos 1970 e 1980, "para 1,7% do PIB, hoje".
* Estagiário sob a supervisão
de Odail Figueiredo