Entrevistado desta quarta-feira (01/12) do CB.Poder, o deputado Federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) comentou as perspectivas do PSDB após as prévias definidas na semana passada. Na disputa interna, Abi-Ackel defendia a indicação do governador gaúcho Eduardo Leite (RS) à pré-candidatura pelo partido à Presidência da República. Cm a vitória de João Doria, Abi-Ackel disse que apoiará o governador paulista, desde que mude alguns aspectos de sua vida política.
Doria venceu as prévias do PSDB com 54% dos votos, contra 45% do governador do Rio Grande do Sul. Sendo assim, o primeiro desafio do paulista é conquistar a fatia do partido que não o apoiou, afirma Paulo Abi-Ackel. O parlamentar tucano disse esperar que Doria “não seja um capítulo curto do partido; que ele consiga se consolidar como candidato e como a pessoa que vai catalisar as forças da terceira
via”.
No total, 98% do PSDB de Minas Gerais votou em Eduardo Leite como pré-candidato do partido. Desde a vitória de Doria, especula-se uma possível debandada por parte dos tucanos mineiros. Abi-Ackel, no entanto, diz que a saída “não faria o menor sentido”. Segundo ele, se Doria consiga subir nas pesquisas, pacificar o partido e conviver bem com as divergências políticas, não deve haver problemas.
De acordo com o deputado, presidenciável tucano tem que dialogar melhor com o restante do Brasil.
“Ele talvez dialogue bem com o público de São Paulo — o que é natural, mas ele tem que se
abrir, ter a capacidade de transitar pelos diferentes ‘Brasis'", disse. Abi-Ackel sugeriu, ainda, ajustes na campanha de marketing do candidato ao Planalto: “Dar a ele um ar mais brasileiro e menos paulista”, apontou.
Terceira Via
Sobre os acordos com outros partidos e estratégias para as eleições, Paulo Abi-Ackel afirmou que é necessário tratar da unificação PSDB antes de começar a pensar em conversas externas e resolver as diferenças do pré-candidato com o ex-governador de MG, Aécio Neves. "Doria tem que pensar na pacificação do partido. Aécio é uma figura importante e um homem influente na Câmara", ponderou o deputado.
Ele também comentou sobre a terceira via. Além de João Doria, citou outros possíveis candidatos nesse espectro: Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta, Simone Tebet, Rodrigo Pacheco e Alessandro
Vieira.
Na avaliação de Abi-Ackel, é preciso delimitar as opções a fim de garantir participação no segundo turno das eleições. “Todos esses nomes têm que ter a responsabilidade de não fracionar a terceira via. Porque se todos forem candidatos, ninguém terá a menor chance de disputar com as duas forças que estão polarizando a política brasileira: Lula e Bolsonaro”, disse.
O deputado considerou ainda que, no caso de um outro candidato apresentar mais potencial de eleição até o junho do ano que vem, pode ser necessário mudar a linha de apoio do partido: “Nós torcemos para que o PSDB se fortaleça com João Doria, mas teremos que considerar se as pesquisas indicarem que há outro nome com maior capacidade competitiva”.
Alckmin e Lula
Por fim, o deputado mineiro comentou a aproximação entre o ex-governador paulista Geraldo Alckmin e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo da iminente saída de Alckmin do partido, segundo Paulo Abi-Ackel, seria um forte atrito com João Dória, mas haveria "um time de bombeiros tentando apagar o fogo. O fato é que não gostaríamos de perdê-lo, ainda mais para o PT, que sempre combatemos”.
“Ele é um homem muito respeitado e daria muita credibilidade ao Lula, tiraria aquela impressão de radicalismo que o PT carrega. É um homem de centro e daria prejuízo”, disse o deputado. Abi-Ackel admitiu admitiu a possibilidade de Alckmin angariar votos do PSDB e da terceira via caso se associe a Lula.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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