Sabatina

Mendonça se desculpa por dizer que país conquistou democracia ‘sem sangue derramado’

Ex-advogado-geral da União disse em sabatina no Senado nesta quarta-feira (1º/12) que a luta pela democracia no Brasil não teve derramamento de sangue e foi questionado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES)

Israel Medeiros
postado em 01/12/2021 16:22 / atualizado em 01/12/2021 16:23
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senad)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senad)

Indicado do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal, o ex-advogado-geral da União, André Mendonça, pediu desculpas após ter dito que a democracia no Brasil foi conquistada sem derramamento de sangue. A fala foi proferida enquanto Mendonça afirmava seu compromisso com a Constituição, em sabatina no Senado nesta quarta-feira (1º/12).

"Primeiro, meu pedido de desculpas, por uma fala que pode ter sido mal interpretada e que não condiz com aquilo que eu penso. Vidas se perderam na luta para a construção da nossa democracia. Além do meu pedido de desculpas, o meu registro do mais profundo respeito e lamento pela perda dessas vidas", afirmou.

Ele justificou que estava se referindo a revoluções liberais. "Tanto a nossa independência quanto a nossa República não tiveram como precedência ou causa uma guerra civil, como nos Estados Unidos ou na França. Isso não significa que a construção da nossa democracia não tenha custado vidas", pontuou. 

Sabatinado pelo Senado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça foi questionado na Comissão de Constituição e Justiças (CCJ) sobre suas posições a respeito de falas antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sobre seu compromisso com a Constituição.

“A democracia é uma conquista para a humanidade. Para nós, não, mas em muitos países ela foi conquistada com sangue derramado e com vidas perdidas. Não há espaço para retrocessos. E o Supremo Tribunal Federal é o guardião desses direitos humanos”, disse Mendonça mais cedo, ao afirmar que terá compromisso com a Constituição Federal. O ex-advogado-geral da União também evitou falar sobre o regime militar em sua resposta, mas foi questionado por senadores.

Demora

A espera de quase cinco meses pela sabatina foi marcada por uma série de polêmicas, ataques e especulações a respeito de um novo nome à Corte. 

Depois de passar pela CCJ, o nome de Mendonça deve ir para o Plenário ainda hoje. É esperado, inclusive, que a votação ocorra antes da PEC dos Precatórios. Segundo senadores ouvidos reservadamente, a expectativa é de que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública consiga ao menos 50 dos 81 votos de senadores.

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