O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), disse nesta terça-feira (30/11) que aceitaria voltar ao governo federal como ministro da Fazenda. Mas, segundo ele, isso dependeria de algumas condições. Entre elas, haver apoio na condução da agenda econômica. Fraga, no entanto, não deixou claro em qual governo toparia entrar.
"Depende. Só vale se puder fazer coisas", disse Arminio ao responder a uma pergunta, em um evento virtual da Latin Lawyer, se assumiria o comando da política econômica do País. O ex-presidente do BC acrescentou que as ideias do governo teriam de ser compatíveis com os seus valores, mas não se esquivou ao deixar claro que, se atendida sua "barra alta" de condições, aceitaria o convite. "Ainda tenho muito a contribuir."
Fraga, que é sócio da Gávea Investimentos, fez críticas à falta de liderança do presidente Jair Bolsonaro na condução das reformas. "O Brasil é vítima de políticas ruins e más ideias", afirmou. "A situação no Brasil não é muito confortável, com liderança fraca e ideias ruins."
Como resultado de incertezas, em especial no campo fiscal, e baixo investimento, o Brasil tem sido incapaz de crescer, e mesmo após a recuperação nos anos seguintes à recessão de 2015-2016, a economia continua em nível 50% abaixo do que já foi, observou o ex-presidente do BC.
Ele considerou que, embora o governo tenha conseguido aprovar algumas "poucas reformas", o pacote como um todo segue sem atrair novos investimentos ao País. Colocando a reforma administrativa como essencial, junto com a reforma tributária, Arminio assinalou também que os gastos do governo são altos para um país emergente.
Ainda assim, avaliou que o Brasil não é um caso perdido, levando em conta em seu comentário o instinto de sobrevivência da classe política para implementar as medidas estruturais necessárias, além de experiências positivas em alguns governos estaduais e prefeituras. "Está claro que há muito espaço para melhorar", afirmou Arminio.
Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos, é um dos economistas mais respeitados do País. Foi presidente do Banco Central no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 1.º de janeiro de 2003. Recentemente, esteve envolvido, junto com o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, nas articulações para uma eventual candidatura de Luciano Huck à presidência.