Uma boa parte dos filiados do PSDB ficou irritada com a atitude do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de cogitar envolver a Polícia Federal (PF) na investigação sobre o primeiro aplicativo utilizado na votação das prévias. Isso porque, de acordo com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) — responsável pelo desenvolvimento da plataforma —, teria havido um ataque hacker contra o sistema, conforme explicou por meio de nota.
O envolvimento da PF foi motivo para mais uma divergência entre os tucanos, pois o temor era de que a instituição, durante as investigações, tivesse acesso a informações sensíveis do partido. E como uma parcela expressiva dos filiados do PSDB enxerga, hoje, os federais excessivamente alinhados com o Palácio do Planalto, temiam que tais dados chegassem às mãos do presidente Jair Bolsonaro.
Nos bastidores, muitos tucanos concordam que o uso de um aplicativo para realizar parte da votação foi equivocado, mas admitem que deviam passar pela experiência. Só que há praticamente consenso negativo sobre ter a PF nas dependências do PSDB — seria abrir as portas para Bolsonaro. Por causa disso, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), ex-integrante do Ministério Público do estado de São Paulo (MP-SP), chamou para si a investigação e entregará o resultado daquilo que levcantar à polícia.
O incômodo com a PF tem a ver, também, com uma parcela do partido, que tem votado favoravelmente no Congresso em temas de interesse do Palácio do Planalto. O ex-prefeito de Manaus e um dos pré-candidatos, Arthur Virgílio Neto, é favorável à retirada do partido de todos os bolsonaristas ou dos que vêm se alinhando ao governo.
"Preferia que fosse um partido menor, mas que fosse uno, porque seria mais seguro. O partido está dividido entre quem vota com Bolsonaro e quem não vota", explicou.
Outras questões também foram levantadas para afastar a PF da rotina do partido — como não ter o PSDB associado a questões criminais. "Chamar a PF para ficar dentro do partido seria um constrangimento. Não queremos isso, porque não cria uma imagem bonita. Isso não aconteceu com nenhum partido, não é uma coisa boa. Na minha cabeça, prejudica", acrescentou Virgílio. (RF e TA)