O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, a apoiadores na frente do Palácio do Planalto, que uma "empresária socialista" perdeu R$ 30 bilhões em valor de mercado ao declarar seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda que o chefe do Executivo não tenha citado nomes, a referência foi direcionada a Luiza Trajano, proprietária do Magazine Luiza. Em um intervalo de um ano, a empresa perdeu quase metade do valor de mercado na Bolsa de Valores. Luiza Trajano, no entanto, desmentiu que tenha apoiado qualquer vínculo com o petista.
Em coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa da Paraíba, onde recebeu uma homenagem ontem, a empresária afirmou que nunca esteve com o petista. "Eu não tenho o que falar. Eu nunca estive com o presidente Lula, nunca fui convidada para ser vice [presidente]. Eu estou em todos os jornais como convidada por todos os partidos para ser vice. Porque parece que precisa de uma mulher, o perfil é uma mulher [para o cargo]", explicou.
Trajano esclareceu seu posicionamento político. "[...] Eu acho que a desigualdade deve ser combatida. Se isso é ser socialista, então eu sou socialista. Sou empresária e sou a favor da distribuição de renda. Nunca me filiei a nenhum partido. Não recebi nenhum político formalmente", pontuou.
A empresária também falou sobre eleição. "Eu queria dizer que não sou candidata a nada. Eu nunca recebi nenhum convite para ser candidata. É porque precisam de uma mulher para ser presidente ou vice, porque nós, mulheres, somos mais famosas agora, né", contou.
Ela ressaltou que o interesse maior é pelo país. "Eu não sou candidata política. Quando eu digo que sou a favor do Bolsa Família, eu sou esquerda; quando digo que sou a favor da privatização, eu sou direita. Eu visito o Nordeste há oito anos, e só quem vê sabe a diferença de um Bolsa Família e agora esses R$ 400", frisou.
Queda na Bolsa
As críticas de Bolsonaro são uma reação a um possível entendimento entre a empresária e Lula. Trajano era um dos nomes cotados para se candidatar à disputa pela Presidência no ano que vem. Ela também foi elogiada pelo ex-presidente após ter sido eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.
Diferentemente do que sugere Bolsonaro, não é possível estabelecer uma relação direta entre o desempenho do grupo Magalu e as declarações políticas de Luiza Trajano. Entre novembro de 2020 e 2021, o conglomerado sofreu um baque na B3, saindo de R$ 26 para R$ 11,15 no valor das ações. O valor de mercado da empresa retraiu R$ 88 bilhões em outubro de 2021, ou seja, 55,3% do que foi no mesmo mês do ano passado. A queda foi de R$ 159 bilhões para R$ 71 bilhões.
Em nota, o Magalu sugeriu que o tombo financeiro está mais ligado à atual situação econômica do que a um possível retorno de Lula ao Planalto. A desaceleração nas vendas, justificou a empresa, está relacionada à inflação e ao aumento de juros, que reduziram o poder de consumo dos brasileiros. Esse impacto foi notado nas lojas físicas, com a queda de 8% no período.