O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore afirmou que o auxílio emergencial de R$ 600 pagos pelo governo Bolsonaro foi destinado a 'muito mais gente do que deveria', o que seria um equívoco da gestão. Pastore foi apresentado recentemente como assessor de Sergio Moro na área econômica para a candidatura do ex-juiz da Lava Jato ao Palácio do Planalto em 2022.
"Em um país que é avaliado por um economista que é o criador do Bolsa Família, chamado Ricardo Paes de Barros, que estima a pobreza absoluta no país, olhando por cima, em algo como 25 milhões de habitantes, foi dado os R$ 600 para 66 milhões de pessoas. Quer dizer, tinha gente que não tinha que receber", afirmou Pastore.
O ex-presidente do BC participou, remotamente, de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. Pastore criticou a tentativa do governo e aliados no Congresso em aprovar a PEC dos Precatórios, conhecida por opositores como "PEC do calote". Segundo ele, a tentativa de conseguir folga orçamentária é "clientelismo político de péssima qualidade".
Emendas do relator
Pastore ainda comparou o gasto em relação ao PIB de outros países desenvolvidos durante a crise da covid-19. Disse ser um exemplo de "gasto malfeito, de um erro de dimensionamento para aquilo que o governo podia gastar".
O assessor de Moro na área econômica disse ter ressalvas com relação ao modelo brasileiro de teto de gastos, devido a um 'excesso de rigidez' no mecanismo de controle financeiro.
Ele também criticou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL). "Do mesmo jeito que está sendo feita agora (gasto além do necessário), tem emenda de relator que está mandando dinheiro para deputado cujo pai é prefeito em Alagoas". O pai de Arthur Lira, o ex-senador Benedito de Lira, é prefeito de Barra de São Miguel.
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