Policiais federais de todo o país estão insatisfeitos com o governo Jair Bolsonaro e fizeram protestos ontem. A data escolhida não foi por acaso. Associações de delegados, peritos e agentes da PF aproveitaram o dia do policial federal e fizeram atos em Brasília e estados para cobrar as promessas não cumpridas pelo Executivo e pedir mais valorização dos profissionais.
Em frente à sede da PF em Brasília, os representantes das entidades colocaram faixas com frases de protesto. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luis Antônio Boudens, afirmou que as classes da polícia foram tratadas de maneiras diferentes por Bolsonaro. "Por que os militares não foram atingidos pelas reformas, enquanto os policiais perderam direitos?", questionou.
Boudens defendeu que o momento é de pensar em união de todos os servidores da PF, independentemente do cargo. "Fizemos o dever de casa, mas precisamos nos manter unidos para garantir a preservação de nossos direitos", frisou.
Está na mesa do chefe do Executivo uma proposta que reajusta o salário dos policiais federais, rodoviários federais e penais usando recursos da PEC dos Precatórios, em tramitação no Senado.
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Felix de Paiva, criticou a solução encontrada pelo Executivo. "Não deveríamos estar dependendo da PEC dos Precatórios para sermos valorizados. Quando o governo quer, ele encontra recursos para as suas prioridades. Se não encontrar para PF é porque a PF não é sua prioridade realmente", enfatizou.
Eleito em 2018, Bolsonaro teve como uma das principais bandeiras a segurança pública e, com isso, ganhou a simpatia das classes policiais. "Se for apenas propaganda eleitoral, o governo estará demonstrando que o discurso de valorização da polícia não era para valer. Que valorização é essa que só causou perda de direitos e de salários?", questionou Paiva.
Em nota coletiva, as entidades também se manifestaram. "Os policiais não têm motivos para comemoração", disse o documento divulgado. "No ano passado, no mesmo dia 16 de novembro, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, em nome do presidente da República, prometeu valorização e reconhecimento do trabalho prestado pelo policial federal. Um ano depois, nada de concreto foi efetivado."
O documento foi assinado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF); Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF); Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol); Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef); e Sindicato dos Delegados de Polícia Federal (Sindepol).