A disputa entre o fiscal e o social, que terminou por levar o ministro da Economia, Paulo Guedes, a se enfraquecer, volta com força ao palco e promete ficar assim até a eleição de 2022. Agora, quem puxa essa queda de braço é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Quem estava na plateia do IX Fórum Jurídico de Lisboa notou políticos se remexendo na cadeira quando Campos Neto alertou para a necessidade de o país seguir na linha de responsabilidade fiscal e reformas estruturais, justamente para conseguir sinalizar ao mercado uma capacidade de crescimento sustentável mais alto.
O ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, também presente ao Fórum, respondeu no ato, dizendo que o país não pode levar em conta apenas as questões fiscais e que precisa "sobretudo" ter responsabilidade social. Há pouco mais de um ano, Marinho era chamado de "fura-teto" pela turma da Economia, inclusive Guedes. Com a dívida dos precatórios e a pandemia, Guedes refluiu na sua defesa intransigente do fiscal.
O detalhe é que Campos Neto não vai recuar. O BC, agora, tem autonomia e pode perfeitamente continuar com o seu périplo para mostrar a necessidade da responsabilidade nas contas públicas. Quem não gostar, paciência. Ele vai continuar falando em todos os fóruns políticos e jurídicos, aqui e além-mar.