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Possível apoio do PL a aliado de Doria ameaça filiação de Bolsonaro na sigla

Bolsonaro coloca em dúvida a ida para o partido de Valdemar Costa Neto. Ato marcado para o dia 22 é suspenso

A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, inicialmente anunciada para o dia 22, foi adiada por tempo indeterminado, conforme nota divulgada, ontem, pelo partido. O comunicado informa que a decisão foi tomada em comum acordo entre o chefe do Executivo e o presidente da sigla, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, após "intensa troca de mensagens na madrugada".

Um dos motivos do adiamento é a contrariedade de Bolsonaro com o apoio do PL de São Paulo à candidatura do atual vice-governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. Garcia é aliado do governador paulista, João Doria (PSDB), um dos principais adversários do presidente da República.

Segundo a nota do PL, "Valdemar Costa Neto comunicou aos liberais que a cerimônia de filiação do presidente Bolsonaro não será realizada no próximo dia 22, conforme anunciado na última semana".

A legenda acrescenta que Costa Neto informou aos correligionários sobre a mudança de planos. "No comunicado de oito linhas, enviado na manhã deste dia 14 de novembro, o liberal esclareceu que a decisão resultou de uma 'intensa troca de mensagens na madrugada deste domingo, 14, com o presidente Jair Bolsonaro'."

A direção nacional do PL esclarece que ainda estuda outras datas para a realização do evento, "a ser anunciada oportunamente".

Dúvida

Eleito presidente da República pelo PSL em 2018, Bolsonaro pediu desfiliação em 2019, em meio a divergências com a cúpula da sigla. Depois, articulou a criação de partido, o Aliança Pelo Brasil, que não passou da fase de coleta de assinaturas.

Na semana passada, o PL anunciou que o presidente entraria para seus quadros. Porém, agora, não há tanta certeza quanto a isso.

Bolsonaro está em viagem oficial a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na saída de um jantar em uma churrascaria brasileira, ele foi questionado por jornalistas sobre a nota do PL. "Foi combinada com ele (Valdemar)", respondeu o presidente.

Momentos antes, ao visitar uma feira de aviação, Bolsonaro já havia afirmado que, provavelmente, sua filiação não ocorreria na data marcada. Segundo o presidente, ainda há pendências a serem resolvidas com o PL, como a afinação do discurso em temas da pauta conservadora, considerada muito importante por ele.

"Temos muitas coisas a acertar ainda. Por exemplo: o discurso meu e do Valdemar nas questões das pautas conservadoras, nas questões de interesse nacional, na política de relações exteriores", listou. "A questão de defesa, os ministros, o padrão de ministros a continuar. Casamento tem de ser perfeito", emendou.

O chefe do governo afirmou, também, que devem ser discutidas coligações estaduais. "A gente não vai aceitar, por exemplo, São Paulo apoiar alguém do PSDB", declarou."Não tenho candidato em São Paulo ainda. Talvez o Tarcísio (Freitas, ministro da Infraestrutura) aceite esse desafio", afirmou.

Centrão

O PL é um dos principais partidos do chamado Centrão, um bloco sem coloração ideológica definida e que tem participado de sucessivos governos. Com Bolsonaro, essa aliança tem sido importante para a aprovação de projetos de interesse do Executivo e para a blindagem política do presidente.

Um dos políticos mais influentes do Centrão, Valdemar Costa Neto foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do mensalão, a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Preso em 2013, ele passou a cumprir prisão domiciliar em 2014. Dois anos depois, em 2016, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, concedeu perdão da pena e determinou a soltura do político. Na ocasião, a decisão seguiu parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).

 

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