O ex-juiz Sergio Moro filiou-se, ontem, ao Podemos, partido pelo qual pretende encabeçar uma candidatura presidencial, em 2022. Apesar de ainda pairarem dúvidas se ele é, realmente, postulante ao Palácio do Planalto — não está afastada a hipótese de se lançar ao Senado pelo Paraná —, alfinetou o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando falou de corrupção, que deverá ser a bandeira da sua campanha.
"Combater a corrupção não é um projeto de vingança ou de punição, é um projeto de justiça na forma da lei. É impedir que as estruturas de poder sejam capturadas e, dessa forma, viabilizar as reformas necessárias para melhorar a vida das pessoas. É um projeto para termos um governo de leis, que age em benefício de todos, e não apenas de alguns. Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha e chega de orçamento secreto", provocou.
Apontado como uma das alternativas da terceira via eleitoral, Moro deixou claro que parte do seu eleitorado é aquela que, em 2018, votou em Bolsonaro por acreditar que combateria a corrupção. Por causa disso é que, ao explicar as razões pelas quais deixou o ministério da Justiça e Segurança Pública, em abril do ano passado, disse que o fez por perceber que a pauta deixara de ser prioridade.
"Quando aceitei o cargo, não o fiz por poder ou prestígio. Eu acreditava em uma missão. Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado. Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa", pontuou.
Moro continuou com Bolsonaro na alça de mira. Criticou a política ambiental do governo, a disparada da inflação e os 15 milhões de desempregados. Também atacou o extremismo político e disse que quer contribuir para um projeto que evite a polarização.
"Não fugirei dessa luta, embora saiba que será difícil. Há outros bons nomes que têm se apresentado para que o país possa escapar dos extremos da mentira, da corrupção e do retrocesso", salientou.
Governistas
No evento, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, foi possível perceber a presença de parlamentares alinhados com o Palácio do Planalto. Apesar de serem senadores pelo Podemos, Marcos do Val (ES) e Eduardo Girão (CE) tiveram destacada participação na tropa de choque governista na CPI da Covid.
Outro que também marcou presença foi o deputado Luís Miranda (DEM-DF), responsável por trazer à tona, na comissão de inquérito, o esquema da compra da vacina indiana Covaxin — que supostamente seria de interesse do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Da mesma forma, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta — pré-candidato à Presidência pelo União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL —, prestigiou o evento.