Quando o presidente Jair Bolsonaro entrou na corrida pelo Planalto, se comprometeu a acabar com o chamado toma lá dá cá e hostilizou o Centrão, classificando o grupo como "o que há de pior no Brasil". Agora, o chefe do Executivo é criticado porque está prestes a se filiar ao PL, partido de Valdemar da Costa Neto, que foi condenado e preso no escândalo do mensalão.
"O pessoal critica: 'Ah, o cara tá conversando com o Centrão. Quer que eu converse com o PSol, ou PCdoB, que não é Centrão? Eu mesmo fui filiado ao PP por 20 anos, eu fui Centrão", reclamou, em entrevista ao canal bolsonarista Jornal da Cidade Online. "Essa é a condição da política brasileira. É um campo de futebol que você tem de entrar e jogar. Quem não tiver muita força de vontade para disputar a partida, vai para a terceira ou quarta divisão. Se você tirar o Centrão, tem a esquerda e, se eu quiser disputar as eleições do ano que vem, tenho de ter um partido."
Em conversas com apoiadores, ontem, Bolsonaro disse que está quase certo com o PL. "Devo decidir esta semana. Vão me criticar, todos os partidos têm problemas. Tentei o meu, mas não deu certo. Tá quase certo com o PL, tem mais alguma conversa para acertar um estado ou outro, para a gente partir para as eleições", frisou. "Vou priorizar a parte do Senado, não me peçam tudo, porque o partido não é meu. Tem uma outra pessoa que fez um acordo comigo, e nós temos que alinhar nossos objetivos."
Reprovação
A filiação de Bolsonaro marca a mudança de postura do presidente e vem decepcionando eleitores mais alinhados com o discurso dele. O ex-candidato ao governo do Distrito Federal e coronel do Exército Paulo Chagas é um deles. "Bolsonaro entrou dizendo que ia fazer uma porção de coisas, e ele não fez. Isso caracteriza que está mais preocupado em permanecer presidente do que em cumprir aquilo que prometeu", reprovou. "Gritou e fez muito escândalo, mas não mudou nada. Tanto é que ele mesmo disse no final que sempre foi Centrão, isso está errado. Ele dizia que não era Centrão porque Centrão era ladrão. Aí, eu pergunto: ele é ladrão?", questionou.