Em entrevista ao programa CB.Agro de ontem (05/11) — parceria entre o Correio e a TV Brasília —, o produtor rural e empresário, Joe Valle, falou sobre tendências da nova agropecuária, que segundo ele, precisa se adequar às exigências mundiais de baixa emissão de gases de efeito estufa.
“Não temos mais condição de pensar em modelos de produção sem sustentabilidade. Lógico que os produtores que não seguem essa tendência, e ganham muito dinheiro com isso vão resistir, mas a sociedade não permite mais essa situação. Então esse processo tem data para acabar.”, afirmou Joe Valle.
Para o produtor rural, a inovação tecnológica é o caminho para que a agropecuária possa adotar uma produção sustentável, “É importante que o país invista em ciência e tecnologia pelo novo momento que estamos vivendo e que está sendo discutido no mundo inteiro.”. Ele ainda ressaltou que as tecnologias disponíveis hoje para o campo, já possibilitam uma produção com menores impactos na natureza, “Hoje é completamente possível construirmos ambientes com emissões zero na agropecuária e agronegócio”.
A discussão sobre o tema reaqueceu com a realização da COP 26, em Glasgow, na Escócia. O Brasil e mais 100 países participantes da conferência da ONU sobre as mudanças climáticas assinaram, nesta terça-feira (02/11), um acordo se comprometendo a reduzir em 30% as emissões de gás metano, até 2030. O metano é um gás proveniente de diversas fontes, entre elas a digestão de alguns animais herbívoros, como o boi.
Orgânicos
Produtos orgânicos são aqueles que, essencialmente, seguem uma rotina de produção 100% sustentável, que não prejudica o ecossistema local. Os produtos certificados como orgânicos pelo Ministério da Agricultura recebem um selo de identificação.
Joe Valle explica porque essa iniciativa é importante para a agropecuária sustentável, "Estamos falando de regras muito específicas da produção de alimentos, que levam na direção da sustentabilidade, com baixa emissão de carbono.”
Na América Latina, o Brasil já tem um acordo de equivalência de produtos orgânicos com o Chile, que reconhece a certificação orgânica feita pelo Brasil e o Brasil reconhece a chilena. Desse modo, a comercialização de produtos orgânicos é facilitada e incentivada.
Como integrante da Federação de Agricultura e Pecuária do DF, Joe Valle participou de negociações de um acordo, no mesmo modelo, com a Bolívia, “Baseado nesse exemplo chileno, nós estamos construindo essa ponte com a Bolívia. Mais à frente, existe interesse do Ministério da Agricultura de fazer o mesmo com a comunidade europeia.”, revelou.
Leite hipoalergênico
Se os alimentos orgânicos são uma tendência, Joe Valle também destaca outra linha de produtos, os hipoalergênicos. Entre eles, está o leite hipoalergênico, já disponível na capital “Em Brasília, temos alguns produtores trabalhando com isso. Especificamente um produtor de queijo no Lago Oeste e a Fazenda Malunga, que hoje tem 100% do seu leite hipoalergênico", diz o proprietário da Fazenda Malunga, referência nacional no mercado de orgânicos.
Para ser considerado hipoalergênico, o leite passa por vistorias e testes, até ganhar um rótulo específico da Anvisa, “O consumidor pode ver no rótulo do produto leite proveniente de vacas A2, A2. Há uma rotulagem específica, adequada e regulada já.”, esclareceu o produtor rural.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes