O presidente Jair Bolsonaro participou nesta terça-feira (2/11) em Pistoia (Itália), da cerimônia em homenagem aos soldados brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial. Na época, os soldados mortos no conflito foram sepultados no Cemitério Militar Brasileiro na Itália. Esse local abrigou os restos mortais de 467 combatentes entre os anos de 1945 e 1960 quando ocorreu o translado para o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A cerimônia ocorreu em frente ao Monumento Votivo Brasileiro. Após a execução dos hinos nacionais de ambos os países, o presidente depositou uma coroa de flores, momento seguido de um "toque de silêncio".
"Pela primeira vez, estou em solo italiano. Solo este, nesse momento sagrado para nós onde rememoramos aqueles que tombaram em luta por aquilo que é de mais sagrado entre nós: a nossa liberdade", apontou.
Bolsonaro lembrou origens italianas por parte do bisavô e defendeu que "mais importante que a própria vida, é a nossa liberdade". "Esta é a terra também de meus antepassados. Hoje um sétimo da população brasileira, 30 milhões de pessoas, tem origem italiana. Em 1943, um dever nos chamava a voltar para a Itália e lutar por liberdade. Assim, 25 mil soldados brasileiros cruzaram o Atlântico, muitos de origem italiana, e para cá vieram. Dois anos depois, quase 500 brasileiros aqui pereceram, mas a vitória se fez presente. Ouso dizer: mais importante que a própria vida, é a nossa liberdade".
Por fim, o presidente acenou ao povo italiano e exaltou a relação entre a Itália e o Brasil.
"Ouvi aqui a palavra gratidão. Ela tem mão dupla. Apesar de o Oceano Atlântico nos separar, nos sentimos mais que vizinhos, nós somos irmãos. A todos vocês, nosso irmãos italianos, a minha continência, o meu orgulho de estar aqui e a satisfação de estarem ao nosso lado ontem, hoje e sempre. Brasil e Itália sempre juntos", concluiu em sinal de continência com a mão direita.
Matteo Salvini, senador italiano de extrema direita, se desculpou com o presidente por protestos na região.
"Desculpe, senhor presidente, pela polêmica de poucos que dividem os povos e vêm aqui sem pensar na memória, na coragem. Nossa amizade vai muito além dessas divisões. Pedimos desculpas, portanto, por essa polêmicas".
Antes do evento, a jornalistas, Salvini criticou manifestações contrárias a Bolsonaro realizadas no local. "Trata-se de uma polêmica incrível, feita até na comemoração dos mortos que perderam a vida para defender nosso país e liberá-lo do nazi-fascismo. É um presidente que foi eleito, de uma república amiga, que veio recordar os soldados. Me desculpo em nome das instituições italianas. A polêmica deve estar fora dos cemitérios", defendeu.
A cobra fumou
O ministro da Defesa, Braga Netto disse que "feliz é a nação que reconhece o sacrifício e o altruísmo de seus antepassados em nome de uma causa nobre e comum".
"Precisamos cultuar as memórias de nossos heróis e manter vivos os valores e as tradições brasileiras. (...) O conflito foi uma reação do mundo contra os ideais totalitários do nazismo e do fascismo. O Brasil prontamente fez a opção irremediável pela democracia, pela liberdade após os navios mercantes serem afundados na Costa", relatou.
Por fim, bradou o slogan da Força Expedicionária Brasileira (FEB) de "a cobra fumou". "Hoje prestamos culto de respeito, reconhecimento e gratidão venerando a memória dos heróis que doaram suas vidas a serviço do mundo democrático. Após anos de história, as Forças Armadas se modernizaram e continuam focadas em suas missões constitucionais para superar os desafios de hoje e do futuro. A cobra fumou e, se necessário, fumará novamente". A expressão também foi repetida pelo político italiano Matteo Salvini.
Ainda participaram da cerimônia os ministros Carlos França (Relações Exteriores), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o embaixador do Brasil na Itália, Hélio Ramos.
Ontem, o presidente visitou a Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália. Horas antes do passeio, manifestantes foram às ruas próximas da Basílica em protesto contra o presidente. A polícia italiana usou jatos d'água para dispersar as pessoas. Em vídeos divulgados nas redes sociais, os policiais aparecem também utilizando cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
Assista ao vídeo abaixo: