CONJUNTURA

Sergio Moro atrai simpatia dos militares e pode arrematar votos

O Correio ouviu fontes nas Forças Armadas e o ex-juiz tem o apoio de parte da classe

Com a filiação ao Podemos marcada para o próximo dia 10, o ex-juiz Sergio Moro também agrada uma parcela dos militares. O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria do Governo, aprova a projeção política do ex-colega do governo. “O doutor Sérgio Moro representa uma opção de equilíbrio, né? De pessoa honesta, de pessoa séria, de que ele foi o grande símbolo no Brasil e de que é possível o Brasil vencer a corrupção. Então, eu o vejo como uma grande opção”, comentou.

Ex-candidato ao governo do Distrito Federal e coronel do Exército, Paulo Chagas também faz coro ao ex-ministro da Justiça como candidato à Presidência. “É uma das melhores opções, mas ainda é cedo para apostar tudo nele. Ele é um bom candidato à terceira via. Aposto tudo nessa terceira via, que tem que ser de centro-direita. É ela quem vai nos livrar desse fanatismo de extrema direita e extrema esquerda, porque isso não leva a nada”, avalia.

Mas, assim como ocorre entre os bolsonaristas civis, há militares que veem com ressentimento os planos de Moro. Um oficial de alta patente das Forças Armadas ouvido pelo Correio, afirma que Moro, de fato, simboliza o combate à corrupção. Contudo, a “traição” a Bolsonaro é motivo de desconfiança. “Se ele não estava compactuando com certas coisas, poderia sair à francesa. Mas não foi o que ele fez. Uma coisa que os militares levam a sério é a hierarquia, e quebrar a hierarquia é grave”, afirma o militar.

Apesar dessas ressalvas, o perfil de Moro parece agradar a ala militar, segundo especialistas ouvidos pelo Correio. Para o cientista político André César, sócio da Hold Assessoria, a figura do ex-ministro encontra respaldo nos quartéis. “Para os militares, além da hierarquia, a honestidade é uma questão importante. E o Moro é o retrato disso por conta da Lava-Jato”, avalia. “Dependendo do partido que escolher, pode arrematar esses votos. Moro é hoje o candidato mais próximo dos fardados”, conclui.

Para outra fonte militar na Esplanada dos Ministérios, a intolerância à corrupção é uma questão mais relevante do que o eventual apoio ao ex-ministro em 2022. “Os militares não estão ideologicamente alinhados com ninguém. O que a gente não quer é a corrupção generalizada, como eu mesmo vi aqui nessa Esplanada. O que a alta patente [de generais] não quer é que a máquina pública seja assaltada como foi no passado. O problema do Bolsonaro é que ele é intempestivo, mas é um cara que tenta fazer da melhor maneira possível”, afirma. “Mesmo que a figura esteja desgastada, se não houver ninguém mais para concorrer com o PT, muito provavelmente os militares se alinharão novamente com o atual presidente. Contudo, serão manifestações mais comedidas”, prevê.

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