O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, chamou de "protecionista" a recente proposta da União Europeia (UE) de banir produtos ligados ao desmatamento, segundo entrevista publicada ontem pelo jornal britânico Financial Times.
"Eu não posso aceitar usar o meio ambiente como uma forma de protecionismo. É ruim para os consumidores e para o fluxo de negócios", declarou França. "Acho que existe certa miopia por parte da UE", continuou.
A proposta foi feita pela Comissão Europeia no último dia 17 e afeta seis categorias de produtos: soja, carne bovina, óleo de palma, madeira, cacau e café. Seus derivados também estariam inclusos, como couro, chocolate e móveis. De acordo com a proposta, que precisa ser aprovada pelos governos da União Europeia e pelo Parlamento Europeu, as empresas terão de mostrar que as seis commodities foram produzidas de acordo com as leis do país produtor.
Na entrevista ao FT, o ministro atacou as políticas de subsídios do governo da França para apoiar os pequenos agricultores do país europeu.
"Entendo as razões políticas internas do governo francês. Não é ambientalmente correto que eles deem subsidíos à agricultura, porque terra e água são recursos escassos e operá-los de forma ineficiente não é sustentável", observou. "É melhor plantar aqui no Brasil, onde a agricultura é incrivelmente avançada tecnologicamente, do que produzir na França", comparou.
A ofensiva contra produtos brasileiros ocorre em meio à aprovação do acordo entre Mercosul e União Europeia. As discussões já se arrastam por 20 anos, e o acordo está parado, à espera de ser ratificado pelos países-membros do bloco europeu. Uma das principais objeções, principalmente do governo do francês Emmanuel Macron, é garantir que a aprovação do acordo com um compromisso para impedir o desmatamento no Brasil.
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