A vitória do governador de São Paulo, João Doria, nas prévias do PSDB, revelou divisão ainda mais profunda da legenda, pois ele obteve 53% dos votos na disputa, menos do que imaginava. Seu adversário, o governador gaúcho Eduardo Leite, com 44% dos votos; os estrategistas do governador paulista esperavam que o principal adversário tivesse 37%, no cenário mais pessimista. A pequena votação do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Netto, que contabilizou 1,35% dos sufrágios, se explica pelo fato de ter se tornado um coadjuvante na campanha de Doria, na reta final das prévias.
Ao analisar a divisão do colégio eleitoral por grupos, Doria registrou maior vantagem entre os filiados. Recebeu 15.646 votos contra 9.387 de Leite. No grupo de prefeitos e vices, a margem foi mais apertada: 393 a 363. Entre os deputados estaduais, Doria venceu por 37 a 30. Entre os governadores e bancada federal, o paulista marcou 27 a 24. Leite ganhou entre os vereadores: 1.491 a 1.367.
Apesar dos afagos e juras de união, será muito difícil ao PSDB curar as feridas das prévias. A ruptura da legenda é iminente em São Paulo, uma vez que o ex-governador Geraldo Alckmin deve mesmo migrar para o PSD de Gilberto Kassab. O ex-governador Aécio Neves, o principal líder da legenda, em Minas, também fica numa situação delicada, porque é um desafeto pessoal de Doria, que gostaria de vê-lo fora da legenda.
Somente Eduardo Leite pode salvar o PSDB da implosão. O governador defendeu a unidade do partido, qualquer fosse o resultado, nos últimos dias. Em termos práticos, porém, pode ser que venha a cuidar somente da sua sucessão no governo do Rio Grande do Sul, pois não pretende disputar a reeleição. Outro líder importante da legenda é o senador Tasso Jereissati (CE), que apoiava Leite. Muito ligado ao ex-governador Ciro Gomes, o candidato do PDT, certamente não se engajará de corpo e alma na campanha de Doria.
Nada disso, porém, tira Doria do seu eixo. Sua trajetória, até agora, foi a do candidato que sempre largou em desvantagem eleitoral e cresceu no decorrer da campanha, ultrapassando os adversários. Sua campanha está estruturada, o que ficou demonstrado nas prévias, mas é preciso combinar com o eleitor. As dificuldades são imensas: não faz um governo muito bem avaliado pelos paulistas e está muito isolado politicamente. De imediato, precisa criar um fato político que demonstre capacidade de agregação de forças, pois a imagem que ficou das prévias é a do desagregador.
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