Nesta terça-feira (23/11), o ex-juiz Sérgio Moro falou em entrevista à CNN que acha preocupante flertar com o autoritarismo, se referindo ao ex-presidente Lula. “Quando se tem alguém que quer ser candidato a presidente e fica elogiando Cuba, minimizando as restrições à liberdade e os presos políticos que existem em Cuba; quando fica elogiando a Nicarágua que acabou de passar por eleições onde foram presos por motivos políticos os adversários, acho que a gente tem razão para se preocupar”, disse o ex-ministro da Justiça.
Moro afirmou ainda não ter nada contra Lula e que as decisões que tomou enquanto juiz foram todas baseadas na lei e em busca do combate à corrupção. “Eu era tido como um juiz rigoroso, mas na minha avaliação eu apenas apliquei a lei para quem pagou ou recebeu suborno”, pontuou. Para ele, o ex-presidente não teria chances de ganhar as eleições de 2018 mesmo que estivesse apto a concorrer. “Ele foi poupado de uma derrota. A grande recessão de 2014 e 2016 estava na memória. Não acredito que o ex-presidente, mesmo que estivesse em liberdade, ganharia as eleições”, opinou.
Em relação às eleições de 2022, Sérgio Moro ressaltou a importância de garantir a democracia. "É muito preocupante que não tenhamos clareza nas credenciais democráticas de um candidato à presidência da república, seja na extrema esquerda ou, infelizmente como existe no Brasil também, na extrema direita”, alfinetou.
O agora pré-candidato à presidência se referiu a entrevista dada por Lula ao jornal El País, onde ele minimizou a ditadura de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua desde 2007. Durante a conversa, o ex-presidente comparou o tempo em que o ditador e a chanceler alemã Angela Merkel estão no poder. “Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e o Daniel Ortega não?”, indagou. Quando refutado pela entrevistadora, Lula reagiu dizendo que não pode julgar o que aconteceu na Nicarágua, em relação aos presos políticos. “No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias na cadeia para que o Bolsonaro fosse eleito presidente da república. Eu não sei o que as pessoas fizeram para serem presas [na Nicarágua], eu sei que eu não fiz nada”, ressaltou.
Podemos
Moro se filiou neste mês ao partido Podemos e falou sobre os planos que está traçando para apresentar à sociedade na corrida eleitoral do próximo ano. “Fui convidado a apresentar meu nome no Podemos e estamos construindo um projeto que envolve tanto o combate à corrupção como também o enfrentamento das dificuldades que hoje sofrem a população brasileira, [como] o desemprego, a fome que nós vimos retornar, a inflação elevada, o combate à pobreza, a retomada do desenvolvimento econômico. Então esse projeto transcende, ele é muito mais amplo do que um mero combate à corrupção”.
Questionado sobre as ideias para combater a pobreza, o pré-candidato falou sobre a criação de uma força tarefa. “Seria a criação de uma agência independente, que teria uma missão muito específica: acabar de vez com a pobreza no brasil. Nós podemos fazer isso, o Brasil tem uma economia grande o suficiente para suportar esses custos”, garantiu.
O ex-juiz aproveitou ainda para alfinetar o governo Bolsonaro em relação à inflação. “O governo tem adotado uma postura irresponsável do ponto de vista fiscal. Agora existe essa proposta da PEC dos precatórios, que eu chamo de PEC da recessão”, disse.
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