O PSDB anunciou, ontem, que contratou uma nova plataforma de votação para prosseguir com as prévias, depois que o aplicativo desenvolvido pela Fundação de Apoio à Universidade do Rio Grande do Sul (FAURGS) apresentou instabilidade e impediu o pleito de forma remota. O programa da Relatasoft deve substituir o que tentou ser utilizado no último domingo e, segundo Luiz Fernando Machado — prefeito de Jundiaí (SP) e coordenador tecnológico das prévias —, a nova empresa é "madura em eleições", tendo trabalhado em pleitos regionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A ideia, agora, é correr com a finalização das prévias, cujo fiasco tecnológico trouxe desgastes para todas as campanhas e ainda expôs a profunda fratura que separam o ex-senador Arthur Virgílio Neto e o governador João Doria (SP) do governador Eduardo Leite (RS). Apesar de não esconderem que não se entendem mais — a ponto de os dois primeiros aparecem juntos na coletiva do partido, em Brasília, e o terceiro em Porto Alegre —, voltaram a tentar passar a ideia de que ainda existe alguma possibilidade de entendimento entre eles. Mas, nos bastidores, todos afirmam que, dificilmente, haverá convergência depois que o resultado das prévias for decretado.
Isso pode ser medido pela permanente troca de farpas entre Virgílio e Doria com Leite, e vice-versa. Embora todos afirmasseam que não se consideram "inimigos", não se comprometeram a apoiar um ao outro futuramente.
"Temos profundas diferenças políticas. O governador João Doria fala em expurgar e depurar gente do partido. Existe expulsão e demissão de um secretário de município, vereadores que tiveram suspensão à sua filiação ao PSDB. Tem um tipo de política que tenta exercer menos pelo diálogo e mais pela imposição das vontades", atacou Leite, acrescentando que há duas candidaturas em uma para enfrentá-lo.
Doria, por sua vez, rebateu as acusações feitas por Leite sobre eventuais fraudes na votação, mas tentou contemporizar ao dizer que o gaúcho se deixou levar pelo "calor do momento". "Se tivesse havido, denuncia-se e comprova-se. Se houvesse isso, eles teriam formulado denúncia, mas a colocação dessa natureza sempre está dentro do calor do momento onde a temperatura cresce", disse Doria. Já Virgílio atribuiu as críticas de Leite à "juventude".
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Bolsonaristas
As tensões, porém, não estão relacionadas apenas à rota de colisão de dois candidatos com um terceiro. Vem incomodando o grupo de Virgílio e de Doria a presença de bolsonaristas no partido ou integrantes que têm se alinhado ao presidente da República. Para o ex-senador, é necessário afastar esses membros para "reavivar" a legenda.
"Uma ala de bolsonaristas no partido? Por que esse parlamentar não vai para o PL, do Costa Neto? O Bolsonaro não vai para lá? Vai com ele, então. A gente ainda assina uma carta, fala que o parlamentar é um bom quadro. Não tenho nada com alguém ser bolsonarista, mas lá fora. Aqui, não. O presidente diz que ele fez a revolução de 64 no Enem. Revolução de 64 para mim significa dor, tortura morte". O PSDB nasceu para mudar e não se mudar se atrelando às tolices deste governo", cobrou.
O governador paulista emendou que Bolsonaro "traiu" o voto de milhões de brasileiros, mas não deixou o PT de fora das críticas. "O sentimento é de profunda decepção com alguém que se mostrou um genocida, negacionista, administrador de rachadinha. Também quero distância do PT e longe do mensalão e do petrolão", alfinetou.
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