O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou, ontem, o Teste Público de Segurança (TPS) do sistema eletrônico das eleições de 2022. Ao todo, 26 investigadores vão colocar em prática 29 planos de ataque aos equipamentos e sistemas para avaliar a segurança das urnas. Segundo a Corte, o número de inscritos é o maior já registrado.
Duas universidades, o Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Controladoria-Geral da União (CGU), a Procuradoria-Geral Eleitoral e o Partido Verde (PV) manifestaram interesse em inspecionar as máquinas. Mesmo com a antecedência e a possibilidade de fiscalização aberta há quase três meses, não há, por exemplo, partido aliado do governo do presidente Jair Bolsonaro ou mesmo membro do Ministério Público que tenha se inscrito, até o momento, para participar do evento.
A fase de testes é o segundo momento do processo eleitoral — o primeiro é a abertura do código-fonte. As ações de inspeção ao sistema foram adiantadas, pois o procedimento estava previsto para o segundo trimestre do ano que vem. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, destacou a importância do aperfeiçoamento.
"Estamos em um amplo trabalho contra a desinformação. O TPS é o momento em que a sociedade colabora com a segurança das urnas para indicar formas de correção", afirmou o ministro, antes do começo da fase de ataques ao sistema eleitoral.
O TSE colocou à disposição dos participantes computadores, urnas, impressoras, ferramentas e insumos no terceiro andar do edifício-sede da Corte, em Brasília. O evento deve durar até a próxima sexta-feira, e o objetivo é corrigir, antes das eleições de 2022, possíveis vulnerabilidades dos softwares e hardwares que venham a ser identificadas pelos participantes.
Para Barroso, é uma parceria para melhorar o sistema eleitoral. "Aprimorar os sistemas mediante ataques de pessoas físicas, hackers do bem, que queiram tentar vulnerar as diferentes camadas do sistema", salientou.
De acordo com o ministro, se vulnerabilidades forem encontradas, serão corrigidas. Por causa disso é que haverá um novo teste para verificar se o sistema continua com alguma fraqueza.
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Hackers do bem
O TPS é feito pelo TSE desde 2009, geralmente no ano anterior ao das eleições — esta é a sexta edição. Individualmente ou em grupos, os participantes farão tentativas de invasão aos equipamentos, tais como a inserção de um programa não autorizado, violação do sigilo do voto ou inversão da escolha do eleitor — tal como acusaram apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, na eleição de 2018, de que digitava um número e, na urna, aparecia a foto de um adversário eleitoral.
As urnas eletrônicas foram alvo do presidente, que, várias vezes, disse que venceu a última corrida presidencial no primeiro turno — porém jamais comprovou isso. Bolsonaro responde um inquérito no TSE que investiga a disseminação de fake news por conta, também, das acusações que faz ao sistema eleitoral.
O presidente, porém, continua pouco convencido sobre a dificuldade de se invadir e fraudar o sistema do TSE. Prova disso é que fez, ontem, um comentário irônico sobre a falha no aplicativo das prévias do PSDB, pelo qual os filiados podiam escolher o nome do partido para a corrida presidencial de 2022. Os dois sistemas, porém, não têm qualquer semelhança — sendo que o evento dos tucanos também contou com as urnas eletrônicas usadas nas eleições para a votação, que ocorreu parcialmente no último domingo.
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