O Dia da Consciência Negra foi marcado por uma série de protestos em todo o país. Foram registradas manifestações contra o racismo e contra a política do presidente Jair Bolsonaro, em 20 capitais brasileiras, considerada pelos manifestantes como de desvalorização da cultura negra e da data — que, neste ano, comemorou meio século de existência.
A educadora Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), é uma das idealizadoras dos protestos de ontem. Ela destacou a importância da data e a luta dos negros. "Temos feito esse resgate da história de Zumbi pelo que ele simboliza para nós nessa busca por uma sociedade maior, mais justa, pela democracia e pela liberdade. Ele foi morto pelo Estado brasileiro. Isso dói na gente e deixa um legado da persistência por buscar uma sociedade mais justa", destacou.
Para Iêda, o país retrocedeu na questão da política de promoção racial a partir do governo Bolsonaro. "Tem alguém dirigindo mal o Brasil porque não se tem uma consideração pelo ser humano. A nossa tarefa, hoje, é de guerrear contra o Estado que não nos preserva, não nos respeita, só quer desaparecer com a nossa história", criticou.
Em contraponto à celebração, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, utilizou suas redes sociais para criticar a data. Conhecido por atacar os movimentos negros e por não reconhecer Zumbi como herói, ele ironizou o Dia da Consciência Negra chamando de "vitimização".
Iêda, aliás, vê com preocupação a gestão de Camargo à frente da Palmares. "O que acontece, hoje, dentro da fundação é uma tragédia que estamos anunciando. Vamos exigir que a Justiça nos dê a possibilidade de proteger uma instituição que nasceu para garantir a memória do povo negro", afirmou.
Em 1971, um grupo de jovens negros se reuniu no centro de Porto Alegre para pesquisar a luta dos antepassados e questionar a legitimidade do 13 de Maio, data da assinatura da Lei Áurea, como referência de celebração do povo negro. No lugar, sugeriam o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, para destacar o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade e gerar reflexão para as questões raciais. A data é um dos marcos da constituição dos movimentos negros e está na raiz do Dia da Consciência Negra. (LP)
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