O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) embarcou na manhã da última sexta-feira (12/11) em agenda por países do Golfo Pérsico. Um dos compromissos do mandatário é o pavilhão do Brasil na Expo 2020, uma mini feira anual que reúne em stands as principais características de cada país, como cultura, culinária e história. O chefe do Executivo vai passar pelos Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrein, onde se reunirá com autoridades internacionais e empresários, antes de retornar ao Brasil no dia 17 de novembro.
A viagem do presidente pode até atrair investimentos. Mas não, especificamente, por consequência de especial convencimento técnico do público-alvo. Na análise do economista Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, “o Brasil é um celeiro de oportunidades e os especialistas que estão do outro lado já identificaram isso. Simples”. “Essa vai ser, na verdade, mais uma ação política com vistas à reeleição. Para se valer lá na frente de negócios que seriam fechados por qualquer um que estivesse no poder. Pela qualidade dos interlocutores, já se percebe quem, na verdade, concordou em receber o chefe da nossa nação. Foi o que sobrou”, ironiza.
Apesar de isolado – sem aparente apoio do mundo civilizado -, e sem uma política ambiental que atraia países como Estados Unidos, França e Alemanha, há setores estratégicos que o investidor está de olho, diz Bergo. Entre as áreas mais sensíveis estão a de energia (eólica, fotovoltaica, hidrelétrica), agropecuária (soja, milho e proteína animal), com foco em produção de fertilizantes, e mineração. “Não dá para negar que o Brasil é rico em recursos naturais. E todos sabem que o petróleo não vai durar para sempre. As alternativas estão aqui”, reforça Bergo.
Para Paulo Roberto de Almeida, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IPRI), apesar de Bolsonaro tentar cooptar investidores para o Brasil, é provável que não tenha muito sucesso. “Os jornais internacionais apontam que a parte fiscal no Brasil tem uma desvalorização enorme. Não é nem pela desvalorização da moeda, mas a incerteza sobre os rumos da economia brasileira, e também as ameaças de calote, uma dívida pública enorme. Isso mostra que o Brasil pode ser incapaz de honrar seus compromissos. Além disso, o país perdeu muito investimento direto e nossa situação não inspira atratividade para investimento estrangeiro. Esses caras são muito ricos e não gostam de perder. Eles têm grandes conselheiros financeiros internacionais para ficarem de olho no que acontece em outros países”, avalia.
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