ANÁLISE

Venda sentenças e se aposente com R$ 35 mil; roube farinha e vá para a prisão

"Um país não chega a 20 milhões de famintos catando ossos em lixões à toa, não", afirma Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 08/11/2021 16:20 / atualizado em 08/11/2021 16:24
 (crédito: Reprodu??o)
(crédito: Reprodu??o)

A desembargadora baiana Encarnação das Graças Sampaio Salgado — sim, ela se chama Encarnação; basta saber do quê —, acusada de vender sentenças, teve como punição sua aposentadoria antecipada, com salário de R$ 35 mil mensais.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e atual amigo-de-fé, irmão-camarada de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, foi condenado em 2012 por desvio de verba pública na Assembleia Estadual de Alagoas, mas o caso encontra-se parado.

Nessas semanas passadas, o "mito" que desgoverna o Brasil condecorou a si próprio com uma "medalha de honra ao mérito"; furou a fila do Colégio Militar de Brasília e emplacou sua filha sem prestar exame; e arranjou uma boquinha pública para seu médico particular.

Não preciso aqui relembrar Eduardo Cunha (solto e de volta à política), Lula (solto e favorito em 2022), todos os últimos governadores do Rio de Janeiro, o senador das rachadinhas e da mansão (Flávio Bolsonaro) e Fernando Collor, o novo amigão do peito de Bolsonaro.

Também não preciso relembrar o mensalão, o petrolão, os anões do orçamento, as vacinas que seriam superfaturadas em 1000%. Nem o Aécio, o Botafogo (Rodrigo Maia), a Coxa ou Amante (Gleisi Hoffmann), o Queiroz, o Ciro Nogueira (atual Chefe da Casa Civil).

Mas preciso lembrar de Angélica Aparecida Souza Teodoro, presa por 4 meses por furtar um pote de margarina. Ou da mulher, no Rio de Janeiro, também presa por furtar um miojo e um suco em pó. Ou um idoso de SP que furtou farinha e conheceu uma cela lotada.

Que se note: particularmente, sou favorável à prisão de qualquer ‘pequeno criminoso’, desde que seja reincidente ou contumaz. Sou adepto da famosa política de ‘tolerância zero’, que foi determinante para o controle (quase total) da criminalidade em Nova York, nos EUA.

Contudo, não é admissível aceitar o rigor da lei - a prisão dos três famosos P’s (preto, pobre e puta) - enquanto os ladrões mais perigosos e nocivos do país não só continuam livres, leves e soltos, como em pleno uso do poder para continuar delinquindo às nossas custas.

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