O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro na cúpula do G-20, ocorrida no final de semana em Roma, Itália. Apesar da importância do Brasil no cenário internacional, o chefe do Executivo participou de reuniões bilaterais oficiais apenas com o presidente da Itália, Sergio Matarella, e com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann.
Questionado sobre a falta de encontros formais de peso ao longo da cúpula, Mourão saiu em defesa de Bolsonaro. "Não vejo dessa forma. A reunião do G-20 é densa, existem discussões técnicas antes. Quando se reúnem os representantes das vinte maiores economias do mundo, já vem uma agenda pré-preparada", afirmou o vice-presidente nesta quarta-feira, na chegada ao Palácio do Palácio. "Essa questão de reuniões bilaterais... Eu acho que naquele momento não foi previsto isso", acrescentou, elogiando, em seguida, o discurso de Bolsonaro na cúpula. "Considerei muito bom".
Durante o G-20, Bolsonaro disse não ter conseguido conversar com o presidente americano, Joe Biden, o mais importante líder do mundo, ao longo do evento. Os dois têm relação distante, sobretudo após o chefe do Executivo, em um gesto inusual na liturgia da política internacional, ter declarado apoio ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, derrotado por Biden. "Ele parece que está bastante reservado para todo mundo", afirmou o presidente na segunda-feira, quando revelou ter dado um pisão no pé da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Mudanças climáticas
Mourão ainda declarou que o Brasil está empenhado em cumprir o pacto assinado em Glasgow, durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), de reduzir em 30% as emissões de metano em até 2030. "Vai ter que haver adaptação, planejamento para isso", alertou, no entanto, o vice-presidente.
Em mais um sinal de distanciamento do núcleo duro do governo, Mourão declarou a jornalistas nesta manhã não ter conhecimento do pedido de demissão do coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Oswaldo dos Santos Lucon, ocorrido ontem, em meio à COP-26. Ao Estadão/Broadcast Político, Lucon afirmou que deixou o cargo por falta de interlocução do Executivo com a sociedade civil.
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