Às vésperas da Conferência do Clima da ONU, o governo federal lançou, ontem, o Programa Nacional de Crescimento Verde (PNCV), uma ideia do ministro da Economia, Paulo Guedes, que pretende “consolidar o Brasil como a maior potência verde do mundo”. O plano, lançado a poucos dias do começo da COP 26 — a conferência do clima que se realiza em Glasgow, na Escócia, a partir do dia 31 — tem como um dos principais objetivos promover a redução nas emissões de carbono, a conservação de florestas e o uso racional de recursos naturais, além de gerar empregos.
Tudo isso deve ser realizado, principalmente, por meio de incentivos econômicos — o programa deve contar com recursos na ordem de R$ 400 bilhões. A governança do programa será feita pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e Crescimento Verde (CIMV), que substituirá o antigo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima. Entre os integrantes estão ministérios e bancos públicos.
“O governo federal reconhece o desafio de desfazer a ideia de que o desenvolvimento da agenda ambiental possui um caráter meramente punitivo, que somente onera as ações propostas. Por isso, em outra direção, vamos incentivar, apoiar, inovar projetos verdes que promovam empreendedorismo, inovação sustentável, mostrando que o futuro verde está aqui”, exultou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite.
“Somos uma potência verde, temos o estoque de recursos naturais mais preservado do mundo”, explicou Guedes.
A ideia, segundo ele, é levar o programa para o exterior e atrair investimentos, além de negociar com outros países uma posição de maior destaque ao Brasil no tema. “Quando pegamos os fluxos de poluição, o Brasil tem 1,7%, a Europa tem 15%, os Estados Unidos têm 15% e a China tem 30%. Como pode o país que menos polui ser o mais agredido internacionalmente?”, criticou.
Para Guedes, no entanto, o grande problema não é a ausência de políticas efetivas contra o desmatamento ou o favorecimento do setor agropecuário, e, sim, o que ele chamou de “interesses políticos e protecionistas por trás das críticas feitas ao país”. “Eles nos respeitam. Eles sabem que somos uma grande nação, de importância política, econômica, ambiental, e não há como evitar tratar o Brasil como um grande país”, observou.