Após sofrer fritura pública na semana passada por causa da polêmica do furo no teto de gastos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda mostra ressentimento com membros do governo que têm influenciado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a pensar mais nas eleições do que na economia. Em evento ao lado do mandatário nesta segunda-feira (25/10), ele afirmou que "há gente em volta de Bolsonaro que quer desviá-lo do caminho das reformas".
“Bolsonaro não é um presidente populista, é um presidente popular e que apoia as reformas, embora muita gente em volta queira às vezes desviá-lo do caminho das reformas”, disse ele. O governo, no entanto, não emplacou a agenda de reformas prometida por Guedes, e no Congresso o que se fala é que não houve esforço suficiente por parte do próprio Ministério da Economia.
Nesta segunda, Guedes participou do lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde (PNCV) e em determinado momento respondeu críticas de que o presidente é populista ao tentar implementar o Auxílio Brasil de olho na reeleição.
Desde a semana passada, quando quase deixou o cargo e foi convencido a voltar atrás por Bolsonaro, esta é a segunda menção de Guedes a um grupo de aliados do presidente que está despreocupado com os posicionamentos do chefe da Economia sobre os rumos fiscais e administrativos do governo.
Na sexta-feira (22/10), após quatro secretários da Economia pedirem demissão por não concordarem com um furo no teto para bancar o Auxílio Brasil, Bolsonaro foi ao Ministério da Economia convencer Guedes a ficar no cargo. O ministro disse que há uma "legião de fura-tetos" dentro do governo que atuavam pelas costas dele para convencer o presidente a colocar o programa para funcionar custe o que custar.
Embora Guedes não tenha citado nomes, o grupo é composto, especialmente, por ministros e aliados do Nordeste que estão preocupados com o desempenho nas urnas no ano que vem, caso a crise econômica continue penalizando especialmente os mais pobres. Eles conseguiram convencer Bolsonaro de que ele não será reeleito sem o Auxílio Brasil, o que levou o mandatário a dar o ultimato: nenhuma família receberá menos de R$ 400.
Segundo o ministro da Economia, a ideia é fazer, a priori, um programa de renda básica.“Com a pandemia veio o Auxílio Emergencial e o presidente, com sua sensibilidade e percepção política, disse: olha, em vez de fazer toda essa sofisticação que vocês estão querendo fazer, que tira do pobre para dar para o paupérrimo, que tira da classe média, vamos fazer diferente? Vamos fazer o protótipo da renda básica. Nenhuma família brasileira vai receber menos do que R$ 400”, afirmou.