Jornal Correio Braziliense

Pressão, também, dentro do Senado

Em outro capítulo da novela sobre a sabatina de André Mendonça, senadores avaliam pedir ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que leve o processo diretamente ao plenário. De acordo com esses parlamentares, o regimento interno do Senado estipula que proposições sejam votadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 20 dias. A indicação do ex-advogado-geral da União à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) chegou à Casa em 18 de agosto. Assim, com o fim desse prazo, o grupo diz que Pacheco pode determinar a avaliação, em plenário, da escolha feita pelo presidente Jair Bolsonaro.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) está entre os que cobram celeridade para a apreciação. “Quem tem responsabilidade sobre isso é o presidente da Casa. Ou se cumpre o regimento — e o prazo já estourou —, ou se leva para o plenário, ou se adota uma data para a Comissão de Constituição e Justiça deliberar”, ressaltou. “Levar direto para o plenário é uma medida extrema. Antes disso, tem de levar o presidente da comissão para o Conselho de Ética, se há abuso de autoridade.”

Para o cientista político Leonardo Queiroz Leite, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o maior prejudicado é o STF, que opera há três meses desfalcado, com apenas 10 ministros. “Bolsonaro insiste em uma agenda ideológica para satisfazer essa bancada evangélica, porque eles querem um ministro que defenda as pautas conservadoras. É parte importante do apoio político, e ele está nessa cruzada pelo nome do André Mendonça. Isso está prejudicando, e muito, o funcionamento do Supremo”, destacou.

O cientista político André César apontou que Bolsonaro perde força com a situação. “Se retirar a indicação, ele vai escolher outro ‘terrivelmente evangélico’? Qual vai ser o perfil e o nome? Já se cria um ruído forte”, observou.