Congresso

Deputados e senadores formam rede de apoio ao Professor Israel

Deputados e senadores destacam que a luta contra homofobia e direitos humanos é universal, após o parlamentar do Distrito Federal se declarar publicamente, pela primeira vez, que é gay, em entrevista ao Correio

Depois de declarar publicamente, pela primeira vez, que é gay, em entrevista ao Correio publicada ontem, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), que também preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (Servir Brasil) e Frente Parlamentar Mista de Educação, recebeu apoio pelas redes sociais de diversos parlamentares, apoiadores, eleitores e de defensores da comunidade LGBTQIA+. A todos, o deputado respondeu com “gratidão” e reforçou que é importante “nos mantermos firmes na luta pelos direitos humanos e pelas liberdades, por um Brasil sem rótulos”.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) destacou que a luta contra a homofobia e por direitos humanos é de todos. “Juntos somos mais fortes que o preconceito e todas as violências. Orientação sexual, cor da pele, classe social, nada disso define caráter. Temos direito de amar e de viver com dignidade.” Israel agradeceu pelo apoio e reforçou a disposição de “nos mantermos firmes na luta pelos direitos humanos e liberdades, por um Brasil sem rótulos. Que sejamos resistência contra a barbárie”.

Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, afirmou: “A coragem e a luta do Professor Israel são motivos de inspiração e orgulho. Que todos possam ser quem são com liberdade, respeito e segurança. Um grande abraço, professor. Conte comigo”. Em contrapartida, Israel Batista agradeceu e assinalou seu desejo de que o Brasil “volte a ser exemplo de respeito à diversidade e aos direitos humanos”.

O deputado Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, destacou a forte liderança de Israel na capital. “O Professor Israel é um dos melhores deputados da atual Legislatura. Cada vez mais se consolida como forte liderança política no Distrito Federal. Nesta entrevista, ele demonstra ainda mais sua coragem e honestidade. Parabéns, meu amigo!”, escreveu Baleia Rossi. Na resposta, o professor reforçou que o “país precisa de parlamentares compromissados contra a intolerância e a barbárie. Vamos resistir!”.

Marcelo Freixo (PSB-RJ) destacou o seu orgulho de lutar lado a lado por um país mais justo, fraterno e plural. “Concordo com o deputado, o momento exige de todos nós coragem para reagir contra o ódio, que só produz violência e atraso. É isso que Israel está fazendo”. Ao que Israel retrucou: “A sua luta me inspira e eu me sinto honrado em ombrear essas batalhas ao seu lado. Seguimos sendo resistência contra a barbárie”.

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) deixou claro que Israel é um parlamentar que orgulha o Brasil, “defendendo nossa maior esperança, que é a educação! Que a força do exemplo faça avançar o processo civilizatório da sociedade brasileira”. Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP) também reafirma a luta pela melhoria da educação e a defesa do serviço público. “Trabalhamos juntos por um Brasil melhor e a sua coragem me orgulha muito”. E Paulo Teixeira (PT-SP) o elogia “pela coragem de assumir a sua orientação sexual, num momento de tamanho obscurantismo que vivemos no país”.

O Professor Israel Batista é um dos mais ferrenhos críticos à PEC 32, que define as regras da reforma administrativa. Na entrevista ao Correio, ele deixa claro que não aceita “piadas” e que já identificou ameaças e constrangimentos sobre sua orientação dentro da Câmara dos Deputados. E assinala que defende os direitos humanos. “Não preciso ser mulher para defender os direitos das mulheres. Não preciso ser preto para defender uma pauta antirracista. Não preciso sofrer perseguição para exigir tolerância, respeito”, diz. “E não precisaria nem ser gay para defender os direitos humanos, a comunidade LGBTQIA+, no país que mais mata gays na América”, reforçou.

Semana de negociação

As movimentações no Congresso, nesta semana encurtada pelo feriado de 12 de outubro, deverão ser intensas nos bastidores. Não há uma agenda fechada, mas os olhos estarão voltados para a Câmara e, especialmente, para as ações do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL). Quando voltar da viagem a Roma — com um seleto grupo, inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) —, onde teve uma audiência com o Papa Francisco, terá de escolher entre colocar imediatamente em votação a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 23/2021), que trata do pagamento de precatórios, uma fatura de R$ 89 bilhões do Executivo, ou a PEC 32/2020, que define as novas regras da reforma administrativa.

“Lira terá apenas uma bala de prata para acertar dois alvos. A escolha vai depender do apetite da base de apoio e, pelo que já foi noticiado, do custo do voto de cada deputado”, sintetiza o cientista político Jorge Mizael, diretor da Consultoria Metapolítica. É possível, destaca, que, com a proximidade do final do ano e das eleições de 2022, a PEC 23 ganhe relevância. “Pela possibilidade de trabalhar o Plano Mais Brasil, já que o governo quer recursos para o novo Bolsa Família (Auxílio Brasil). Isso tem que ser organizado com muita urgência para que seja votada a lei orçamentária do próximo ano. Assim, essa é uma questão que, creio, ocupou o centro das articulações do final de semana”, aponta Mizael. (VB e Cristiane Noberto)