A CPI da Covid aprovou, nesta quinta-feira (7/10), a convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para um novo depoimento à Comissão. A sugestão para a nova oitiva do cardiologista foi feita pelo vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), além de defender a reconvocação, disse que o ministro "já produziu todos os motivos, provas e indícios para ser exemplarmente indiciado".
Um novo depoimento de Queiroga havia sido descartado pela CPI. A reviravolta ocorreu depois de o Ministério da Saúde não ter dado resposta a um requerimento de informações encaminhado pela comissão. Após a sugestão de Randolfe Rodrigues, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou requerimento pela convocação do titular da Saúde, que foi aprovado pela maioria do colegiado.
Segundo Randolfe Rodrigues, uma das perguntas não respondidas por Queiroga trata da suspensão da vacinação de crianças e adolescentes. "A única coisa que foi respondida, com um gesto, foi a designação para alguém ocupar o Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas as outras não foram", disse o vice-presidente da comissão, durante coletiva de imprensa. Ele negou que um eventual novo depoimento do titular da Saúde leve ao adiamento da apresentação do relatório final da CPI, previsto para o dia 19.
Rodrigues disse também que Queiroga terá que explicar por que foi suspensa a reunião que a Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias no SUS (Conitec) teria nesta quinta-feira. No encontro, o colegiado iria apresentar um parecer contrário ao uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Durante a sessão da CPI, o senador lei o parecer.
"A Conitec deveria se reunir hoje, para dar um parecer sobre o uso da hidroxicloroquina. A Conitec não se reuniu. Por que não se reuniu? Quem interveio na decisão da Conitec para que essa reunião não acontecesse? De onde saiu isso? Qual a interferência externa que está tendo na condução do Ministério da Saúde? Essas perguntas precisam de respostas", disse o vice-presidente da CPI.
O parlamentar afirmou ainda considerar que "tem interferência do ministro Queiroga na reunião da Conitec, e isso fere a autonomia da Conitec, e, inclusive, (pode ser) que isso não seja um desejo do ministro Queiroga, seja uma intervenção externa que parte do Palácio do Planalto".
Adiamento descartado
O relator Renan Calheiros afirmou que a nova oitiva não levará ao adiamento do relatório final da CPI. "Eu acho que não (adiar relatório). Eu acho que qualquer esforço para ouvir mais alguém terá que ser colocado dentro desse calendário que já está posto. Nós apoiamos qualquer sugestão do senador Randolfe Rodrigues, pelo relevantíssimo que ele cumpriu como vice-presidente da comissão, em todos os momentos desta Comissão Parlamentar de Inquérito, desse trabalho, mas adaptaremos isso, sem dúvida, ao calendário já existente", declarou Calheiros aos jornalistas. "Mas a gente já teve acesso a tanta coisa do ministro da Saúde, a sua conversão ao negacionismo, às mentiras repetidas nas duas vezes aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito", continuou.
O relator reafirmou que o ministro será indiciado no relatório final da CPI e disse que ele tem dado motivos para isso, como, "agora, (com) a suspensão de vacinas para adolescentes sem comorbidade, que foi revertida graças à mobilização da Comissão Parlamentar de Inquérito e à reação da própria sociedade. Quer dizer, ele já produziu todos os motivos, provas e indícios para ser exemplarmente indiciado".
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