O presidente Jair Bolsonaro encaminhou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que quer prestar depoimento pessoalmente no inquérito que apura sua suposta interferência na Polícia Federal. O mandatário passou a ser investigado, após as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. A Corte tinha pautado para esta quarta-feira (6/10) o julgamento para decidir se o chefe do Executivo deveria depor presencialmente ou por escrito à PF.
O presidente está na condição de investigado pelo caso. Uma das provas é um vídeo de uma reunião ministerial ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril de 2020. No encontro, o chefe do Executivo disse que iria "intervir" na superintendência da corporação no Rio de Janeiro, para beneficiar familiares.
Diante do pedido, feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), o julgamento que determinaria qual seria o formato do depoimento foi suspenso pelo Supremo. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo a AGU, o intuito do pedido de Bolsonaro é "a plena colaboração com a jurisdição" do Supremo. “O Requerente manifesta perante essa Suprema Corte o seu interesse em prestar depoimento em relação aos fatos objeto deste Inquérito mediante comparecimento pessoal", diz a manifestação assinada pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco.
A AGU ainda solicitou que Bolsonaro tivesse a possibilidade de depor em local, dia e hora previamente ajustados, em aplicação ao que prevê o Código de Processo Penal.
Entenda
Bolsonaro chegou a dizer, na gravação, que não iria esperar "foder a família" para trocar alguém da segurança. “Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui para brincadeira", disse o presidente.
Depois da repercussão, Bolsonaro alegou que fez referência à segurança pessoal de sua família, e não à Polícia Federal.