Em tom de comício, o presidente Jair Bolsonaro e ministros do governo participaram, nesta terça-feira (5/10), do Simpósio Cidadania Cristã, ocorrido à tarde na Igreja Batista Central de Brasília. O evento é da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, instituição evangélica presidida pelo bispo Robson Rodovalho, fundador da Sara Nossa Terra. O presidente foi o último a falar e comentou sobre a expectativa a cerca da aprovação do ex-AGU para a Corte.
"Não podemos perder a oportunidade de continuar mudando o destino da nossa nação.Temos aqui André Mendonça. O conheci na transição. Por coincidência, ele é do Vale do Ribeira, região mais pobre de SP que é minha região também. Apesar dele ser baixinho, né? Um pouco baixo, a cabeça um pouco pequena tem uma bagagem cultural imensa, sabe tudo sobre direito e é evangélico. Ou melhor, terrivelmente evangélico", apontou.
Bolsonaro voltou a falar sobre os pedidos que fez a Mendonça, caso ele seja aprovado, como o de iniciar as sessões no STF com uma oração. "A gente espera que ele seja aprovado. Eu não indico para o STF, eu indico para o Senado. Tem uma sabatina. Creio que ele não terá dificuldades de ser questionado sobre questões jurídicas e depois tem uma votação que é secreta. E se for aprovado, tiver 41 votos de 81, ele toma posse. Eu só fiz dois pedidos para ele: primeiro que toda semana, quando iniciasse os trabalhos, ele peça dois minutos e faça uma oração dentro do STF. E outra que vem do coração. Nós sabemos que quem esquece o seu passado está condenado a não ter o seu futuro. Ele é uma pessoa humilde. Eu falei para ele que quero todo mês tomar com ele uma Tubaína. Fechado, André? Fechado. E juntamente com senadores, parlamentares, afinal de contas os três Poderes têm que remar na mesma direção para que nosso país realmente vá para frente", acrescentou. O chefe do Executivo ainda voltou a citar o tratamento precoce.
Indicado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em julho, André Mendonça também discursou no evento. Ele enfrenta resistência no Senado e não teve ainda a data de sua sabatina marcada na Casa.
"Tenho coração aberto para servir o meu país e honrar o chamado que recebi desde a minha adolescência. Tenho os braços abertos não apenas para servir o meu país e trabalhar, mas para abraçar e perdoar mesmo aqueles que cometem injustiça. Tenho a mente aberta para aprender, para pensar, tenho ouvidos abertos para ouvir com atenção a todos e abro a boca com muito senso de responsabilidade porque a palavra é o maior poder que nos foi dado'.
Ele pediu aos presentes que "trabalhem por um país diferente". "Muitos podem pensar que a transformação do Brasil vai acontecer em função do presidente, mas nesse tempo eu e vocês não sabemos que o tempo de Deus é relativo e que os planos de Deus passam pela sua vida? Se você quer um Brasil diferente e eu sei que você quer o meu pedido a você é: Trabalhe por este Brasil diferente. Seja diferente nas pequenas coisas, nos pequenos atos, nos pequenos gestos", pediu.
Mendonça relatou também que o país tem o potencial de "ser o grande celeiro de transformação para o mundo". "Sonho com um Brasil onde os direitos de liberdade, de igualdade, de justiça, de vida, de trabalho, de prosperidade e solidariedade sejam efetivos e dentro desse valores, o valor mais sublime é a Justiça. É o valor capaz de conciliar todos os outros valores sem si mesmo. Creio que o Brasil tem potencial para, nos próximos 20 anos, ser o grande celeiro de transformação para o mundo e isso passa por vocês. Não espere o outro. Você pode pensar “ah, não acredito que por mim vai ter transformação. Jesus transformou o mundo com 12 pescadores", acrescentou.
Segundo ele, "até 2005 não conhecia Brasília, não conhecia nada, nem ninguém". "16 anos depois, Deus pega um menino do interior de SP e coloca ele diante de um presidente da República que o indica para uma vaga do STF. Ou Deus faz coisa impossível e eu não posso deixar de reconhecer isso ou seria o maior dos incrédulos. Tem uma coisa em comum entre os homens que Deus levanta é a disposição de servir e de amar". "Sejamos agentes de transformação do nosso país", pediu.
A ministra da Mulher e da Família, Damares Alves apontou que Bolsonaro escolheu para o STF um "pastor de criança" que representará os pequenos na Corte.
"Bolsonaro escolheu para o STF um pastor de criança. Não tem representação hoje. Olha para o STF hoje, qual é o ministro do STF que fala de criança?Pois agora as crianças terão voz porque um pastor será ministro no STF. Compromisso do Bolsonaro com a pauta da infância", disse.
Ela disse ainda que o governo "vai ficar muito tempo no poder". "Parte dos ataques que sofri, acreditem, foi porque eu sou evangélica e pastora. E o recado foi dado: ‘Não aceitamos vocês ainda’. Mas o recado está dado: é melhor ir se acostumando, porque nós vamos ficar é muito tempo no poder".
Bolsonaro também ouviu do bispo Alves que não há plano B em relação à indicação de Mendonça. "Falei para o presidente, o Concepab, os conselhos de pastores do Brasil, não tem plano B. O nosso plano é o plano A de André Mendonça".
Críticas ao PT
Já o ministro do Trabalho e da Previdência, Onyx Lorenzoni, criticou o PT e exibiu imagens de capas de revistas com notícias de corrupção na gestão como o mensalão.
"Recebemos o Brasil assim. Esse era o país onde nós vivemos por muito tempo, onde o manto da corrupção cobria o Brasil. A corrupção era um método, um sistema. A mentira no instrumento e por anos e décadas o Brasil foi enganado por muito e muito tempo. Tivemos episódios do mensalão, do petrolão, mas na verdade o que havia era um grupo que se servia dos homens e mulheres do Brasil. Recebemos uma herança de corrupção sistêmica.", apontou.
Em seguida, exibiu imagens do presidente erguendo a bíblia sagrada, lembrou o esfaqueamento do período pré-eleitoral e mostrou imagem do Bolsonaro no dia da posse. “Nós não estamos falando de algo humano. Nós estamos falando de algo que vem da vontade de quem nós cremos”, disse sobre a recuperação do agora presidente.
“No ano que vem estaremos disputando palmo a palmo a liberdade, o direito de culto, a família, os princípios e os valores que nós queremos e que nós professamos. Não será um momento qualquer no próximo ano. O próximo ano definirá o que nós como país seremos”, acrescentou.
Ele ainda defendeu as ações do governo em meio ao enfrentamento da pandemia que caracterizou como "vírus chines”. Por fim, mostrou uma imagem do ato de 7 de Setembro em Brasília. “Vamos pedir sabedoria para no ano que vem garantir a liberdade de culto, direito de propriedade garantido, que a liberdade exista e o nosso direito de ir, vir e falar esteja garantido. Isso depende de nós e tenho certeza que cada um dos que estão aqui será abençoado para que o Brasil nunca mais tenha a bandeira vermelha, porque a bandeira do nosso país é verde e amarela”.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, exibiu slides de videos de entrega do governo no nordeste como hidrelétricas e entrega de títulos.
"O Brasil do atraso ficou no passado, pois esse governo coloca o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Nós fomos convidados pelo presidente para sermos ministros e ele me deu solicitações. Abraçe o nordeste, o nosso ministério abraça o Brasil como um todo e que está no coração de cada parlamentar. Nós temos compromisso com o país e temos um olhar diferenciado principalmente para as desigualdades regionais, região norte e nordeste. Nós sabemos que para reverter essa situação existem duas estratégias diferenciadas. No norte, levando em consideração a governança e o desenvolvimento sustentável. No nordeste do Brasil que tem o problema desde que o Brasil foi descoberto: falta de água".
"Fomos nós do governo que fizemos com que o projeto desamarrasse. Não havia amor a um projeto que significava impacto nacional, de resolver a questão da segurança hídrica do Brasil. A última etapa da transposição do São Francisco estará concluída no final do ano quando chegar ao Rio Grande do Norte".
Por fim, disse que o governo "está permitindo que o povo da região se emancipe".
Ainda foi lido um documento com pedidos da ala evangélica ao presidente contra o aborto e a ideologia de gênero e a favor do homeschooling.