Os senadores Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) criticaram o convite ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Fonte, para prestar esclarecimentos sobre offshores. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o convite na manhã desta terça-feira (5/10). Os convidados poderão comparecer na comissão no próximo dia 19.
Flávio afirma que Guedes e Campos Neto não têm “nada a esconder” e que o único intuito dos requerimentos é desgastar a imagem do governo federal. “É um requerimento para causar mais confusão. Acho muito ruim quando se tenta usar um palanque importante como CAE para desgastar o governo. Isso impacta na cotação do dólar, bolsa de valores e confiança de investidores internacionais, que ficam preocupados com a instabilidade política”, disse o filho 01 do presidente da República.
Para Fernando Bezerra, líder de governo no Senado, os economistas já esclareceram o assunto em notas divulgadas nesta semana. Contudo, o senador votou a favor do convite na CAE.“Essas contas foram devidamente informadas na sabatina do presidente do Banco Central. O ministro da Economia informou à Comissão de Ética da presidência da República. Os dois reiteram que desde a posse não fizeram qualquer movimentação ou transferência de recursos para o exterior e estão dispostos a prestar essas informações”, afirmou.
A proposta foi apresentada pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jean Paul Prates (PT-RN) e tinha o intuito de chamar apenas Paulo Guedes. Contudo, ao decorrer da reunião, o convite foi estendido a Roberto Campos.
“Imagine o brasileiro acordar com a manchete de que o presidente da Petrobras é dono de posto de gasolina. É mais ou menos isso: a política econômica deste governo fez com o que o patrimônio no exterior do ministro da economia mais do que dobrasse. Mesmo que possa não haver ilegalidade, seguramente temos um conflito de interesse”, apontou Alessandro Vieira.
Offshores
No último fim de semana, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) revelou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possuem contas e empresas em paraísos fiscais. De acordo com o Pandora Papers, Guedes teria aberto a offshore Dreadnoughts International nas Ilhas Virgens Britânicas em setembro de 2014. Em seguida, o ministro enviou para a empresa cerca de US$ 9,54 milhões (mais de R$ 50 milhões na cotação atual).