O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que apresentará, nesta terça-feira (26/10), um pedido de convocação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, para dar explicações, no Senado Federal, sobre conversas que manteve com o banqueiro André Esteves. O requerimento será deliberado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor no Senado.
"O BC é uma instituição reguladora do Sistema Financeiro. Qualquer informação privilegiada pode transformar milhões em bilhões e, por isso, a relação entre suas autoridades e banqueiros deve seguir rígidos protocolos, devidamente documentados: não podem se dar em jantares, cafezinhos ou telefonemas escusos. Se a distância republicana não foi mantida por dentro do espírito público das autoridades, devemos apurar em quais circunstâncias se deram", afirmou o senador em nota.
Em áudio vazado nas redes sociais pelo site Brasil247 de uma reunião na última quinta-feira (21), quando houve a debandada de quatro secretários do Ministério da Economia, Esteves disse aos interlocutores que foi consultado por Campos Neto sobre qual seria o limite para a queda na taxa básica de juros (Selic). O banqueiro contou que atrasou um pouco porque estava conversado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e tirou a paternidade do Bolsa Família dos governos petistas, afirmando que o programa teve origem na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Entre fontes da Esplanada, inclusive, há uma piada de que, amanhã, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deverá elevar a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,25% ao ano, em 1,75 ponto percentual "para agradar o André Esteves". Esta é a penúltima reunião do Copom do ano. As apostas do mercado preveem alta de 1,25 ponto a 1,50 ponto, mas alguns analistas não descartam uma elevação de até de 2 pontos percentuais, devido à piora no quadro fiscal.
Essa deterioração das perspectivas em relação às contas públicas foi resultado da sinalização do governo em acabar com o teto de gastos — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação — para criar espaço para o novo Bolsa Família de R$ 400. Aliado a isso, há piora nas estimativas da inflação, o que aumenta as pressões sobre o BC para acelerar o ritmo de alta dos juros e, assim, antecipe o encerramento do ciclo de ajuste monetário que aponta para uma Selic de até 11,5% no início de 2022.
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