O presidente Jair Bolsonaro desembarcou nesta terça-feira (26/10) em um acampamento de venezuelanos da Operação Acolhida, em Roraima, Boa Vista. O objetivo, segundo o chefe do Executivo, foi “conseguir imagens” e mostrar a situação dos refugiados, em referência a um exemplo de onde o Brasil pode chegar caso o PT retorne ao poder no país nas próximas eleições. Enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 vota o relatório que indicia o presidente e seus filhos, chefe do Executivo abriu live no abrigo, falou de comunismo, socialismo e criticou os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro.
Com a equipe filmando crianças e bebês em situação de vulnerabilidade, Bolsonaro falou da missão da Acolhida e externou a vontade de falar com as famílias reservadamente, “para contar o que aconteceu”. “Nós não queremos isso para o Brasil e sabemos como vocês chegaram a essa situação”, emendou.
“Irmãos venezuelanos, sabemos o sofrimento de vocês, como vocês chegaram nessa situação, o que uma pessoa está fazendo contra vocês na Venezuela. O Brasil é um país de pessoas que têm profundo respeito pelo sofrimento dos outros. Sei que vocês gostariam de estar no país de origem, mas saíram de lá para fugir da ditadura, de necessidade e até mesmo da violência. O Brasil é um país humanitário que faz o trabalho de acolhê-los e integrá-los ao restante do país. O que a gente mais gostaria que acontecesse é que a Venezuela voltasse à normalidade e que vocês tivessem a vida que tinham no passado antes da chegada da ditadura”, afirmou.
As imagens foram postadas nas redes sociais do presidente. Na legenda da publicação, o presidente atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando apoio por parte dele a Maduro e chamando-o de “ex-presidiário petista”.
“Averiguação da Operação Acolhida, situação do estado com os impactos dos refugiados e medidas tomadas para acolhimento de nossos irmãos venezuelanos que fogem da ditadura socialista de Nicolás Maduro, apoiada pelo ex-presidiário petista”, escreveu.
- RORAIMA: averiguação da Operação Acolhida, situação do estado com os impactos dos refugiados e medidas tomadas para acolhimento de nossos irmãos venezuelanos que fogem da ditadura socialista de Nicolas Maduro, apoiada pelo ex-presidiário petista. pic.twitter.com/XQ2L5yj956
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 26, 2021
Sem máscara, o presidente e parte da equipe adentraram em um dos acampamentos onde morava uma adolescente de 16 anos, com o filho bebê, que estava sob um colchão no chão.
“Deve ter visto aí fora a quantidade de mulheres e crianças. Estou aqui numa casinha e o pessoal fica aguardando o momento de se interiorizar. Ela está dizendo que saiu da Venezuela porque não tem comida para comer. O que a gente quer mostrar aqui para o povo brasileiro: a gente não quer isso para o nosso país. Muitos olham, tem um foco apenas em uma área e nós temos que ver que o bem maior nosso é a nossa liberdade. As escolhas erradas levam a isso”, apontou em indireta às eleições presidenciais de 2022. A adolescente fez pedidos de documentos e o presidente respondeu que ela seria atendida junto com os demais.
Presidente nega campanha
Alfinetando Lula, Bolsonaro negou que estivesse fazendo campanha, mas apenas “mostrando a realidade”. "O presidente brasileiro do passado ia na Venezuela fazer campanha para (Hugo) Chávez e Maduro. É aquele pessoal do Foro de São Paulo. Sempre enganando o povo dizendo: 'Olha, vou fazer isso de bom para você. O outro é um malvadão', conduzindo as pessoas, induzindo a ir para a esquerda, se associar ao socialismo. Tem aquele discurso maravilhoso, mas que, na prática, é completamente diferente. Vocês viram a quantidade de crianças que está aqui. Nós não queremos isso para nossos filhos. Não estou reclamando, nem fazendo campanha, nada disso, estou mostrando a realidade”.
E completou: “O ideal é a Venezuela voltar à normalidade. Só um milagre para isso acontecer. A gente tem que aprender com o erro dos outros”.
Sobre a frequente alta no preço dos combustíveis, o presidente alegou que “na Venezuela não tem para vender”. “Fala-se que agora a gasolina está a 20 centavos, lá não tem para vender. Acredite. Tem gente da Venezuela que vai para Pacaraima comprar gasolina. Até pouco tempo era uma romaria de brasileiros comprando gasolina barata. Agora inverteu. Vem pagar R$ 6 aqui dentro”, justificou.
O chefe do Executivo disse ainda que tem certas coisas que só se "dá valor depois que perde"."Olha que situação chegou por botar lá um demagogo, aquele que prometia maravilhas para o povo. Isso não queremos para o nosso país", continuou.
Por fim, pediu que os internautas continuassem assistindo à transmissão, que acabou caindo. "Eu peço que você continue vendo. Agora você já viu o suficiente, mas vamos mostrar mais para vocês sobre o que é quando chega o socialismo no pais, quando chega um ditador no país".
"O grande exemplo daqui, com a tristeza do povo venezuelano aqui no Brasil, é saber o que está acontecendo para que o Brasil não chegue a essa situação porque (se chegar) a gente não vai ter para onde ir", finalizou.
Culto evangélico
Bolsonaro estava acompanhado dos ministros da Justiça, Anderson Torres, e da Cidadania, João Roma. No meio da tarde, ele deverá visitar outros pontos da Operação Acolhida e participará de um culto evangélico.
No último dia 29, Bolsonaro afirmou que visitaria Roraima em outubro, a fim de verificar a crise migratória de venezuelanos. O chefe do Executivo destacou ainda que o objetivo era conseguir imagens para mostrar à população brasileira que o país não deve seguir o exemplo da Venezuela, numa indireta para não deixar que partidos de esquerda retornem ao poder.
Veja vídeo abaixo sobre a visita do presidente ao local:
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