O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu à CPI da Covid que enviasse ao Supremo Tribunal Federal (STF) um requerimento em que compila as falsas informações sobre a vacina divulgadas por Jair Bolsonaro (Sem Partido) em live semanal. A intenção do parlamentar é que o documento seja anexado no inquérito das fake news, que está nas mãos de Alexandre de Moraes. Além de retirarem o conteúdo do ar e tomaram outras procedências.
Na última quinta (21/10), o presidente leu duas notícias, ao vivo, dos sites Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva, em que informavam que as pessoas estariam perdendo a capacidade do sistema imunológico ao longo das semanas após completarem a vacinação, em decorrência disso estavam contraindo Aids.
Diante das informações, o senador classificou a conduta do presidente de “potencialmente criminosa”. Atribuiu a isso mais um custo na coordenação do combate à pandemia e questionou como se pode cobrar o cumprimento de regras dos cidadãos se o mandatário não as obedece.
“Como cobrar do cidadão comum o indispensável cumprimento das determinações legais se o Presidente da República não o faz? Não bastasse o impacto da conduta potencialmente criminosa do Presidente da República no arcabouço democrático brasileiro, esta Comissão Parlamentar de Inquérito já demonstrou, de forma clara e incontroversa, os impactos diretos na saúde da população. Quando o Presidente, de forma reiterada e consciente, mente e desinforma a população, milhares de pessoas deixam de buscar a vacinação, usar máscaras ou adotar medidas de cautela contra a COVID-19. A consequência, como sabemos, é o aumento no número de infectados, doentes e mortos. É o prolongamento do sofrimento causado pela pandemia”, escreveu na justificação do documento.
Preocupação entre especialistas
Especialistas da área da saúde comentam que não na composição das vacinas não há nenhum fragmento do vírus HIV, por isso consideram a fala de Bolsonaro absurda. Eles relembram que a contaminação das doenças se dá de formas diferentes, enquanto a Aids é transmitida por relações sexuais e compartilhamento de seringas, a transmissão do Covid-19 acontece por meio da respiração e do contato com ambientes contaminados. Outro ponto que evidencia a desinformação é o fato de os cidadãos com HIV terem sido prioridade na fila para imunização.
Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin (EUA), evidencia como a fala do presidente é perigosa, principalmente para a população de vulnerabilidade social. "O mais grave é o presidente do país falar algo tão absurdo numa live que é assistida por milhões e milhões de pessoas, endossando a narrativa antivacina, falar contra a ciência em meio a uma pandemia letal, que ainda está matando um número considerável no país", comentou em entrevista ao site da Folha de São Paulo.
Pelo Twitter, Vinícius Borges, infectologista especializado em saúde de pessoas LGBTQIA+, escreveu “O que causa Aids é a desigualdade, o preconceito e o estigma, perpetuando mitos como este sobre o HIV, impedindo as pessoas de se testarem, se tratarem e viverem bem”.
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