O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG) está fora do DEM e a um passo do PSD. Ele comunicou, na última terça-feira, a saída ao presidente do Democratas, ACM Neto, e já começa a traçar os planos para se tornar uma alternativa pela terceira via ao Palácio do Planalto. O movimento dele já era aguardado pelos caciques do União Brasil — novo partido que será formado pela junção do PSL com o DEM.
O ato de filiação do senador deve ocorrer na próxima quarta-feira, segundo interlocutores do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que trabalhou intensamente para atrair Pacheco para a legenda. A expectativa dentro da legenda é que o presidente do Congresso consiga construir uma candidatura presidencial a partir de Minas, estado que representa, com a ajuda do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil — reeleito no ano passado no primeiro turno.
Mas, segundo fontes pessedistas, Pacheco não deverá assumir uma postura de enfrentamento ou crítica ao governo federal e a Jair Bolsonaro — tal como fez Kalil, que durante a pandemia fez duras críticas à condução da crise sanitária por parte do presidente da República. Para integrantes do PSD, a chegada do senador é uma oportunidade de o partido se posicionar com mais força nas próximas eleições.
“É um passo importante rumo à consolidação do PSD como partido com candidatura presidencial competitiva, mas ainda não é a definição. Não é o passo decisivo, é o passo necessário. Portanto, outros fatores devem ser levados em consideração, como o desempenho nas pesquisas, o desempenho do partido junto a outras forças políticas na questão da composição”, explicou o deputado Fábio Trad (PSD-MS).
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Chapa com PT
Porém, há quem avalie que Pacheco pode não sair candidato à sucessão de Bolsonaro, apesar de Kassab assegurar que o PSD terá candidato ao Planalto. Isso porque o partido pode se somar ao leque de apoios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso a terceira via não se consolide, no próximo ano, e as pesquisas continuem a indicar a polarização entre o presidente da República e o petista.
Para reforçar essa possibilidade, Kassab se encontrou com Lula, no começo deste mês, numa das recentes conversas mantidas pelo ex-presidente. Além disso, o presidente do PSD foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff e tem boas relações com o PT. Fábio Trad, no entanto, acredita que a candidatura de Pacheco é para valer. “Vejo que o nome do Rodrigo, pela trajetória dele, não permite que seja um instrumento para outros fins que não o de encabeçar uma chapa competitiva”, observou.
Apesar de a saída do senador ter sido em comum acordo com o presidente do DEM, nas hostes dos Democratas muita gente torceu o nariz. Isso porque, com a formação do União Brasil, havia a esperança de que ele permanecesse e formasse uma chapa “puro-sangue” com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta — que já se apresentou como pré-candidato pelo DEM — ou até mesmo com o apresentador José Luís Datena, filiado ao PSL e que manifestou intenção de disputar a corrida presidencial.
Segundo aliados de Pacheco, a data para filiação ao PSD ainda está sendo definida. Apesar da mudança, o senador não deverá assumir imediatamente a disposição de concorrer ao Planalto, até mesmo para evitar se desgastar antecipadamente. Mas, dentro do governo, ele já é visto como um adversário de Bolsonaro na corrida de 2022.
Musculatura
Para analistas, apesar da carreira até aqui bem-sucedida do presidente do Senado, ele não tem musculatura para emplacar uma candidatura forte ao Planalto em 2022. O que tem que se ter em mente, portanto, é a força que o partido pode obter em Minas Gerais com a chegada do senador. É o que explica o cientista político Márcio Coimbra, coordenador do Mackenzie em Brasília.
“Eles têm o prefeito de Belo Horizonte, três senadores, uma bancada importante e quem sabe podem ter até o governador. É um partido bem mineiro e não entra em bola dividida. É a cara de Minas Gerais, fazer a política dos bastidores, da conversa. O partido se encontrou muito em MG. A entrada do Pacheco é um movimento natural que a gente já esperava”, disse.
Já André César, cientista político e sócio da Hold Assessoria, vê o movimento como estratégico para Kassab. Para ele, Pacheco pode servir tanto como cabeça de chapa da terceira via quanto pode ser um candidato a vice de outro partido com objetivos alinhados.
“Pacheco é um player importantíssimo na política brasileira hoje, tudo passa por ele tem peso e importância, a posição dele até paralela ao partido é fundamental e ele tem se mostrado uma figura muito inteligente no campo político. É um cara novo, boa pinta, tem presença, agrada setores do eleitorado que estão desgostosos com Bolsonaro. Se coloca, sim, como alternativa”, comentou.
(Colaborou Cristiane Noberto)
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