Coordenador dos estudos sobre o kit covid na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), o médico Carlos Carvalho deverá apresentar a alteração do relatório sobre as diretrizes de medicamentos contra o coronavírus no dia de seu depoimento à CPI da Covid, na próxima segunda-feira (18). Essa é a expectativa do senador Humberto Costa (PT-PE), pois, segundo ele, o pneumologista afirmou a ele e ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que levará as novas conclusões para a sessão da comissão de inquérito antes mesmo de submetê-la ao colegiado do Ministério da Saúde.
“Pelo que ele (Carvalho) nos falou, esse relatório já está, na prática, pronto. O único motivo de adiar a análise na Conatec é que ele quis incluir dados mais recentes no relatório. Ele também nos disse, com todas as palavras, que não há qualquer interferência (política) no relatório e que ele ia apresentar antecipadamente para a CPI, durante seu depoimento”, garantiu o senador.
Na manhã de ontem, Carvalho concedeu entrevista à GloboNews, na qual assegurou ter sido ele quem pediu a retirada do relatório sobre o kit covid da pauta na Conitec. De acordo com o médico, o adiamento se deu em razão da necessidade de inclusão de novos dados, publicados em setembro em artigo no New England Journal of Medicine, para manter o documento que está sendo elaborado o mais atualizado possível. Segundo o médico, o relatório apresenta dados mais avançados sobre o emprego do “kit covid” no tratamento ambulatorial — cujo impacto é objetivo do documento que coordena.
“Uma das partes da análise foi concluída no final de agosto e os artigos apresentados em setembro não estariam contemplados. Contudo, mesmo que já tivéssemos finalizado, entregado à Conitec e a questão tivesse sido colocada em pauta, pensei que seria interessante considerar esse artigo para termos o documento mais atualizado possível. Liguei para a dra. Vania Canuto, presidente da Conitec, e pedi a retirada. Fiz um documento explicando o motivo”, justificou.
Carvalho disse que o trabalho na comissão técnica do Ministério da Saúde é puramente técnico, sem interferência política. “Nosso posicionamento é técnico e não está para ser usado como político. Mesmo que vá ser usado nesse sentido, nossa posição é oferecer uma melhor opção de tratamento para a população”, disse.
Ao ser questionado sobre prescrição de cloroquina, ivermectina e azitromicina — medicamentos que compõem o kit covid — a seus pacientes, Carvalho afirmou que jamais recomendou tais fármacos. “Nunca prescrevi até hoje cloroquina e hidroxicloroquina. Como médico, nunca utilizei essa medicação. Porém, isso não significa que não possa haver indicação de medicação no documento que estamos elaborando. Se um ou outro médico quiser colocar a indicação, se for votado pela maioria, eu, como coordenador do estudo, levarei para o documento final”, explicou. O médico foi convocado para depor na CPI no lugar do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
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Deputado pede ao TCU que investigue o CFM
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff e que hoje integra a Comissão Externa da Câmara que discute ações de combate ao coronavírus, pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue a conduta do presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, com relação ao parecer do órgão sobre o chamado “tratamento precoce” contra a covid-19. No pedido de investigação apresentado ao TCU, Padilha cita vídeo que circula nas redes sociais em que Ribeiro diz que não há “evidência científica” sobre a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19 e afirma: “Mas nós, numa decisão bastante fora das nossas normas, acabamos liberando o uso de hidroxicloroquina”. No mesmo vídeo, que ganhou repercussão no final da semana passada, Ribeiro fez críticas à gestão Dilma e indicou alinhamento ao governo Bolsonaro.
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