KIT COVID

Coordenador de estudo sobre kit covid pediu adiamento de análise na Conitec

Parte do documento sobre kit covid a ser analisada era justamente sobre tratamentos ambulatoriais com indicação de tratamentos medicamentosos. Carlos Carvalho irá depor na CPI da Covid na próxima segunda-feira (18/10) no lugar do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

Cristiane Noberto
postado em 13/10/2021 16:13
 (crédito: Márcio Pinheiro/SESA. Brasil)
(crédito: Márcio Pinheiro/SESA. Brasil)

Coordenador dos estudos que condenaram o kit covid, Carlos Carvalho disse que ele mesmo pediu o adiamento da análise do relatório na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec). Pretensão é entregar o documento em até uma semana. De acordo com o médico, a retirada de pauta se deu em razão da necessidade de inclusão de novos estudos, publicados em setembro, para manter o documento o mais atualizado possível. A publicação em questão é um artigo no New England Journal of Medicine, que apresentava dados mais avançados sobre um coquetel de medicamentos para auxiliar no tratamento ambulatorial.

“Uma das partes da análise foi concluída no final de agosto, e os artigos apresentados em setembro não estariam contemplados. Contudo, mesmo que já tivéssemos finalizado, entregue à Conitec, e que a questão tivesse sido colocada em pauta, pensei que seria interessante considerar esse artigo para termos um documento mais atual possível. Então, liguei para a presidente da Conitec e pedi a retirada, fiz um documento explicando o motivo”, justificou.

O especialista disse nesta quarta-feira (13/10) que o trabalho é puramente técnico, sem manchas políticas. “Nosso posicionamento é técnico e não está para ser usado como político. Mesmo que vá ser usado nesse sentido, nossa posição é oferecer uma melhor opção de tratamento para a população. Então, solicitei uma ou duas semanas a mais para atualizar todos os artigos publicados em setembro. Mesmo assim, se fosse necessário, a apresentação poderia ter sido feita. Contudo, com a extensão do prazo, seria melhor. Então, ganhamos duas semanas e pode ser que seja marcada uma reunião extraordinária para debater o tema. A pretensão é entregar o documento em até uma semana”, disse em entrevista à Globonews.

A parte a ser analisada é sobre o tratamento ambulatorial, no qual serão indicados medicamentos e procedimentos a serem realizados no consultório. Ao ser questionado sobre prescrever cloroquina a seus pacientes, o médico respondeu que nunca recomendou o uso. “Eu nunca prescrevi até hoje cloroquina e hidroxicloroquina. Como médico, nunca utilizei essa medicação. Porém, isso não significa que não possa haver indicação de medicação no documento que estamos elaborando. Se um ou outro médico quiser colocar a indicação, se for votado pela maioria, eu como coordenador do estudo, levarei para o documento final”, afirmou.

Oitiva na CPI

O médico foi convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 na próxima segunda-feira (18/10), no lugar do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, após o adiamento de um documento com diretrizes para o enfrentamento à pandemia nos hospitais do SUS. Neste relatório está incluída uma avaliação do kit covid que não é favorável aos medicamentos.

Segundo informações que circulam entre os senadores da comissão de inquérito, a retirada do parecer da reunião da Conitec que analisaria o documento ocorreu por interferência direta do Palácio do Planalto. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o resultado — que acompanha autoridades de saúde de todo o mundo — frustrou as expectativas do governo, e teria irritado o presidente Jair Bolsonaro. Com isso, Queiroga determinou a suspensão da avaliação.

 

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