A CPI da Covid decide, em reunião, hoje, do chamado G7 — que reúne os senadores de oposição e independentes que vêm pautando os trabalhos do colegiado —, se convocam o médico Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho para prestar depoimento por conta da suspensão da votação, na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), de um relatório, elaborado por ele, que condenava o uso de substâncias sem eficácia contra o novo coronavírus. Professor doutor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o pneumologista foi convidado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para elaborar o estudo.
Crítico do chamado “kit covid”, Carvalho pode comparecer à CPI antes da oitiva de Queiroga, marcada para 18 de outubro — outros integrantes da Conitec também podem ser convocados. O médico assumiu a responsabilidade sobre o adiamento da análise, pela comissão, que contraindica o uso da cloroquina e da ivermectina para combater a covid-19.
Segundo informações que circulam entre os senadores da comissão de inquérito, a retirada do parecer da reunião da Conitec que o analisaria foi por interferência direta do Palácio do Planalto. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o resultado — que acompanha autoridades de saúde de todo o mundo — frustrou as expectativas do governo, e teria irritado o presidente Jair Bolsonaro. Com isso, Queiroga determinou a suspensão da avaliação.
“Uma reunião da Conitec para, finalmente, emitir um parecer técnico da ineficácia do uso de cloroquina. E o que ocorre? O presidente da República se irrita e o ministro Marcelo Queiroga determina a retirada da pauta desse tema, subvertendo a equipe técnica designada pelo próprio ministro”, explicou Randolfe.
A comissão não afasta a possibilidade de indiciar todos os integrantes do Conitec, além de Carvalho, por omissão. Mesmo com novas convocações em vista, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o calendário do fechamento dos trabalhos do colegiado segue inalterado, com previsão de término para o próximo dia 20.
A Conitec foi criada pelo Ministério da Saúde, em abril de 2011, a fim de dar assistência sobre a incorporação de tecnologias e medicamentos em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Por ela passam as avaliações sobre novas técnicas e substâncias que podem ser aplicadas, bem como a análise de medicamentos que não são recomendados.
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Tranquilidade
Apesar de certamente ter de explicar por que mandou suspender a avaliação do parecer do pneumologista pela Conitec, Queiroga afirma estar “tranquilo” para prestar o terceiro depoimento à comissão. Mas, segundo Omar Aziz, o ministro tem mais dois pontos a esclarecer: por quê houve a orientação para suspender a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos; e como será a vacinação no próximo ano.
Mas os senadores querem esclarecer, ainda, o compartilhamento que Queiroga fez de notícias de viés negacionista em suas redes sociais, enquanto cumpria quarentena em Nova York, após ter sido infectado pelo novo coronavírus enquanto a delegação brasileira participava da 76ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. As publicações continham informações sem embasamento científico, nas quais era colocado em xeque a eficácia de máscaras e vacinas como forma de evitar o contágio do vírus.
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