Em linha com o vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que uma solução para a falta de fertilizantes no mercado seria explorar potássio na foz do Rio Madeira, na Amazônia. “Mas temos problema sério: passa por terra indígena”, disse, na cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP).
Mais cedo, Mourão deu a mesma fórmula para um impasse apresentado ontem por Bolsonaro — o presidente previu desabastecimento no país no próximo ano por falta de fertilizantes. “Por questão de crise energética, a China começa a produzir menos fertilizantes. Já aumentou de preço, vai aumentar mais e vai faltar. A cada cinco pratos de comida no mundo, um sai do Brasil. Vamos ter problemas de abastecimento no ano que vem”, observou.
Ao trazer a questão novamente à tona, Bolsonaro voltou a criticar o julgamento do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), suspenso após pedido do ministro Alexandre de Moraes. Eventual derrubada da tese na Corte desobrigaria comunidades indígenas a comprovar ocupação no território na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, e poderia, na visão do governo, ampliar o número de demarcações no país. O Executivo é contrário a novos reconhecimentos de posse por comunidades originárias e alega impacto na produção e na exploração de recursos naturais, como o potássio.
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão — de volta ao Brasil após uma viagem oficial de 12 dias por Egito, Emirados Árabes Unidos e Grécia — sugeriu a exploração de potássio na Amazônia como forma de conter eventual falta de fertilizantes no Brasil. Questionado sobre o tema, disse que solucionar o problema “não é simples”.
De acordo com o vice-presidente, existe uma grande mina de potássio a ser explorada na Amazônia, mas que estaria aguardando licenciamento por conta de comunidades indígenas dos arredores. “Seria uma renda de R$ 10 bilhões por ano para o Estado do Amazonas, além de nos tornar autossuficientes no potássio, fonte de vários fertilizantes”, afirmou. Mas ele não quis tecer mais comentários sobre o tema. “O presidente deve estar recebendo dados que eu não possuo ainda”, acrescentou.
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