Além da crise institucional e moral em que vive a empresa que fundou em 1996, Eduardo Parrillo, criador da Prevent Senior, enfrenta o fim de sua banda de metal viking. A Armored Dawn anunciou o fim das atividades na noite desta quinta-feira (30/9), por meio da publicação de uma nota curta no site da revista de rock Roadie Crew. No texto, os integrantes afirmam não ter ““nenhum tipo de vínculo político” e não compactuar com “nenhum discurso de ódio”.
A decisão vem à tona após a repercussão das denúncias feitas por ex-médicos contra a operadora de saúde de Eduardo. Em dossiê entregue aos parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e divulgado em 17 de setembro, os profissionais acusam a direção da instituição de obrigar médicos a prescreverem remédios ineficazes, o chamado kit covid e de desenvolverem um estudo clínico para testar o tratamento precoce sem a autorização de pacientes e familiares.
Em depoimento na CPI na terça-feira (28/9), a advogada dos médicos, Bruna Morato, contou que a direção ordenava que reduzissem o oxigênio de pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (UTIs) após 10 dias no local. De acordo com ela, a orientação da empresa era que “óbito também é alta”.
Pela ligação intrínseca de Eduardo, a banda perdeu, apenas na última semana, uma participação no festival Knotfest Brasil, em 2022, e suspendeu uma turnê e o lançamento do novo disco. De acordo com a ferramenta Google Trends, a busca “Armored Dawn Prevent Senior” alcançou o pico de buscas entre 19 e 25 de setembro, quando o dossiê foi revelado.
A nota sobre o fim da banda foi assinada por todos os membros, exceto pelo baixista, Fernando Quesada. Ele anunciou a saída da Armored mais cedo, na tarde da quinta-feira (30/9). Nas redes sociais, Fernando, que também é produtor musical, apagou referências à banda, como o nome da Armored na bio do Instagram e fotos no feed. A passagem pelo grupo é registrada, apenas, no Linkedin do artista.
Antes de divulgar o encerramento, o site oficial da banda e os perfis nas redes sociais foram retirados do ar.
Doctor Pheabes: negócio de família, e de empresa também
Eduardo Parrillo e o irmão, Fernando, dividem outro negócio em comum além da Prevent Senior: outra banda, a Doctor Pheabes. O grupo de rock foi criada há mais de 20 anos, antes mesmo da criação da operadora de saúde e já abriu shows das gigantes Guns N Roses, em 2014, e Rolling Stones, em 2016; ambos nas turnês brasileiras dos referidos grupos.
A notoriedade não é pela performance da banda. Em 2017, prestes a tocarem no Lollapalooza, os irmãos falaram, em entrevista ao G1, que abriam os shows porque a Prevent Senior era patrocinadora da maioria dos eventos.
“Se você acha que abrimos só porque patrocinamos, é uma verdade. Tá bom. QUal banda deveria estar no nosso lugar?, disse Eduardo, na época.
A Prevent Senior também garantiu o retorno da banda. Formada por Eduardo e Fernando e dois outros amigos de infância em 1983, o grupo parou de tocar por décadas e retornou em 2009, em uma festa da operadora de saúde.
"O show foi em uma das festas da empresa. Todos os colaboradores... Obviamente que ninguém iria massacrar a gente", contou Fernando, que é guitarrista e era CEO da Prevent na época.
Quatro anos depois, os ditos colaboradores denunciaram a obrigação de cantar o “hino da empresa”, criado pela Doctor Pheabes. A informação foi compartilhada na CPI pela advogada Bruna Morato.
“Donos da Prevent Senior, que têm uma banda de rock conhecida, reuniam seus profissionais, tocavam e exigiam que os mesmos cantassem um hino com a mão no peito, em respeito à instituição”, revelou.
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