A sede da empresa Prevent Senior em São Paulo foi tomada, na manhã desta quinta-feira (30/9), por manifestantes que repudiam a conduta da operadora de saúde denunciada por médicos e ex-médicos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A instituição é investigada pelo Ministério Público por suspeita de obrigar médicos a prescreverem o tratamento precoce com kit covid e a omitirem mortes em estudo clandestino sem autorização de pacientes e familiares.
O grupo, que faz parte do movimento Levante Popular da Juventude, intitulou o ato como "Justiça aos mortos da covid-19". Eles usaram tinta vermelha para manchar o nome da empresa em referência às possíveis mortes provocadas pela conduta da instituição.
“A Prevent mata, óbito também é alta”, cantava o grupo em coro enquanto alguns deles escreviam “assassinos” no chão do local. O grupo também criticou o governo Bolsonaro e espalhou dólares com o rosto do presidente da República pela calçada.
“O Levante foi até a Prevent denunciar o sangue derramado nas mortes que poderiam ter sido evitadas, se não fosse o negacionismo e a política de morte do governo Bolsonaro. Em um dos momentos mais tristes da história, a CPI da Covid tem acesso a um dossiê que denuncia diversas atuações ilegais da Prevent Senior”, declara Guilherme Galdolfi, representante do Levante.
“Espalhamos os dólares de Bolsonaro pela calçada para denunciar aqueles que lucraram com a morte de milhares de pessoas com apoio do governo federal, pois (a Prevent Senior) tinha relação direta com o gabinete paralelo, que estimula instituições que fomentam o uso do Kit Covid”, complementou Guilherme.
A ligação da Prevent Senior com o chamado “gabinete paralelo”, equipe de médicos e outras autoridades consultadas pelo governo para adotar medidas sanitárias na pandemia, foi confirmada pela advogada dos médicos que denunciaram a operadora de saúde, Bruna Morato, em depoimento na CPI da Covid, nesta terça-feira (28/9).
De acordo com a depoente, a Prevent seria usada para colaborar com as informações amplamente divulgadas pelos médicos defensores do tratamento precoce, como a imunologista Nise Yamagushi e o virologista Paulo Zanoto. Dessa forma, o vírus tratado com menos contundência levaria pessoas às ruas e não pararia a movimentação de recursos financeiros, cenário buscado pelo Ministério da Economia, de acordo com a advogada.
“A denúncia feita na CPI escancara a intenção por parte do governo de reforçar fake news sobre a eficácia desses medicamentos, trata-se de um acordo com licença entre a empresa e o governo federal. Não podemos esquecer, por exemplo, que Flávio Bolsonaro chegou a elogiar o tratamento ineficaz da Prevent em suas redes sociais, afirmando que o SUS deveria adotá-lo”, pontua Guilherme.
O grupo espera que a empresa e o governo Bolsonaro “sejam responsabilizados” pelas denúncias expostas.
Em nota, a Prevent Senior diz que "lamenta o ato de vandalismo travestido de manifestação" e que "espera que as autoridades competentes apurem e punam os responsáveis".