ASSEMBLEIA-GERAL DA ONU

Bolsonaro recua em discurso de abertura e não cita debate do marco temporal

No entanto, indiretamente, disse que, como 14% do território nacional pertence a indígenas, não vê razão para demarcações territoriais e defendeu a aprovação de projetos que preveem atividades de extração de minerais em terras indígenas

Apesar do discurso em tom radical em aceno ao eleitorado brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro decidiu recuar, nesta terça-feira (21/9), durante discurso na Assembleia-Geral da ONU, e não citou o debate sobre o marco temporal conforme anunciou na semana passada. No entanto, indiretamente, disse que, como 14% do território nacional pertence a indígenas, não vê razão para demarcações territoriais e defendeu a aprovação de projetos que preveem atividades de extração de minerais em terras indígenas.

"14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente à Alemanha e à França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e, cada vez mais, desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades", apontou.

Em live na semana passada, o presidente disse que falaria sobre uma eventual insegurança alimentar caso o marco temporal fosse aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"O que eu devo falar lá? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado [pelo STF], se tivermos que demarcar novas terras indígenas, hoje em dia temos aproximadamente 13% do território nacional demarcado como terra indígena já consolidados, caso tenha-se que levar em conta um novo marco temporal, essa área vai dobrar", alegou sem citar a fonte das informações.

"A gente espera que o STF mantenha esse marco temporal lá de trás, de 1988. Para o bem do Brasil e para o bem do mundo também. Tem gente lá fora pressionando por um novo marco temporal, para demarcar mais uma área equivalente à da Alemanha e da Espanha juntas. Vai ter reflexo lá fora também", repetiu na data.

Ainda durante o discurso desta terça-feira, Bolsonaro iniciou a fala dizendo que mostraria um Brasil "diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões".

7 de Setembro

O chefe do Executivo também citou as manifestações ocorridas no dia 7 de Setembro, que provocaram o agravamento da crise entre o Judiciário e o Executivo. Segundo ele, o ato do Dia da Independência foi "o maior da história".

"No último 7 de Setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo", acrescentou. Sobre vacinação, o presidente disse que 80% da população indígena foram totalmente vacinados. 

 

Saiba Mais

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/09/4948274-manifestacoes-do-sete-de-setembro-ficam-marcadas-por-discursos-inflamados-de-bolsonaro.html