O presidente Jair Bolsonaro discursou pela terceira vez na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. O chefe do Executivo abriu a cerimônia na manhã desta terça-feira (21/9), num discurso radical de cerca de 12 minutos. Em aceno à base bolsonarista, afirmou que "até novembro todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos", mas que o governo não apoia o passaporte de imunização.
"Até o momento, o governo federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas. Mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos", alegou.
Sem ter se vacinado, ele ainda defendeu o tratamento precoce e disse que "a história e a ciência saberão responsabilizar a todos" que são contrários à medida. "Apoiamos a vacinação, contudo, o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina. Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", pontuou.
Na segunda-feira (20), Bolsonaro ironizou afirmando que seu discurso seria "em braile", em referência ao sistema de escrita e impressão destinado a pessoas com deficiência visual. A declaração foi dada a jornalistas na saída do restaurante do hotel em que a comitiva brasileira está hospedada e foi vista como uma provocação em alusão àqueles que 'não querem ver a verdade'. Na semana passada, ele afirmou que a fala na ONU se basearia em "verdades" e na “realidade sobre o que é o nosso Brasil”.
A reunião deste ano ocorre sem as figuras do ex-chanceler Ernesto Araújo e do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, expoentes da ala ideológica. Também será a primeira vez que o presidente participará do encontro sem o aliado e ex-presidente Donald Trump.
Pela manhã, a previsão é de que Bolsonaro se encontre com o presidente da República da Polônia, Andrzej Duda. Em seguida, se reunirá com o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, e, às 10h, fará a abertura do Debate Geral da ONU. A expectativa é de que ele deixe a cidade à noite e retorne ao Brasil na quarta-feira (22).