Sob o slogan “Para o PSDB voltar a vencer”, o governador de São Paulo, João Doria, oficializou, ontem, sua candidatura às prévias do partido, para a disputa à indicação da legenda à corrida presidencial de 2022. Ele não poupou críticas ao governo de Jair Bolsonaro, com que rompeu pouco depois que ambos se elegeram, e deixou claro que também não haverá conversa com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia dos tucanos é tentar construir uma terceira via de centro, agregando em torno do projeto partidos com perfis moderados de direita e de esquerda.
Além de Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, também oficializaram suas candidaturas ontem. As prévias do partidos serão realizadas em 21 de novembro.
Para o governador paulista, o país não deve ficar aprisionado entre dois nomes de extremos. “O antipetismo será predominante na nossa campanha. Nós vencemos o PT em 2016 e em 2018. Fiz essas duas vitórias de maneira republicana, nunca utilizei subterfúgios que pudessem ser condenados. Fiz com propostas, e não com ataques pessoais”, disse.
Sobre Bolsonaro, uma das estratégias será a de desconstruir a ideia de honestidade vendida pelo presidente e de que ele continua sendo um outsider da política. “Rachadinha é crime, é roubar dinheiro público. É possível, sim, administrar o Brasil sem roubar dinheiro público. É preciso reagir pelo Brasil, é preciso reagir pela democracia. Os tempos são de retrocesso institucional, democrático, econômico, ambiental, social, político e moral. Nossas instituições têm sido atacadas, mas dão provas de independência e coragem”, alfinetou, citando não apenas o episódio que envolve o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), relativo ao mandato de deputado estadual, como os recentes atos em que Bolsonaro atacou o Supremo Tribunal Federal.
Transparência
O governador ressaltou a transparência do governo paulista nas gestões do PSDB nos últimos cinco anos. “Fazer políticas públicas para os mais pobres não dá direito, a quem quer que seja, de roubar o dinheiro público. Os fins não justificam os meios. Na nossa primeira experiência, na prefeitura de São Paulo, ao lado de Bruno Covas, seguimos a boa prática do equilíbrio dos gastos públicos, transparência e inovação na gestão da maior cidade do país”, observou.
No Distrito Federal, o governador paulista contará com o apoio do senador Izalci Lucas: “Conversei com a militância, com todos os órgãos do PSDB do DF, e não tem candidato melhor para presidir esse país. Estamos 100% fechados com Doria”, afirmou.
TSE convoca plataformas contra fake news
Luis Nova/Esp. CB/D.A Press - 6/11/17
O corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Felipe Salomão, convocou uma reunião com representantes de redes sociais para debater a disseminação de fake news durante as eleições. No encontro, que deve acontecer na próxima quinta-feira (23), serão debatidas medidas para bloquear os repasses financeiros às plataformas para canais que repassarem mentiras. A ideia é que as plataformas ajam mais incisivamente para evitar que a desinformação influencie no voto do eleitor.
Devem participar do encontro representantes do YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook. Em agosto, Salomão determinou o bloqueio da monetização de canais “suspeitos”, todos de orientação bolsonarista, que estavam espalhando notícias falsas. A medida atendeu a um pedido da Polícia Federal, que investiga a organização e o financiamento de ataques ao sistema eleitoral. A PF, por sua vez, apontou uma suposta engenharia criminosa que, segundo as investigações, transformou em negócio a divulgação de mentiras sobre as máquinas de votação.
O imbróglio acontece em meio às críticas de Jair Bolsonaro contra o sistema de votação brasileiro — ele próprio é alvo de um inquérito no TSE que investiga a disseminação de fake news. O pedido é baseado nos constantes ataques, sem provas, feitos pelo presidente às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.
Ao longo deste ano, Bolsonaro fez inúmeras declarações colocando em xeque a realização do pleito de 2022. O presidente subiu o tom contra o que chama de “fraudes” se o atual sistema eleitoral, com urnas eletrônicas, não for mudado para impressão do voto. No entanto, ele nunca apresentou provas de que as urnas sejam fraudáveis.
Já o presidente em exercício Hamilton Mourão defendeu o projeto de lei, enviado por Bolsonaro, que dificulta a remoção de conteúdo das redes sociais. Ele observou que a retirada de conteúdos pelas plataformas é feita de forma “desorganizada”. A proposta foi formulada após uma medida provisória (MP) com o mesmo teor ter sido rejeitada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“Na nossa visão, essa questão das plataformas de internet regularem o que pode ou não pode ser publicado está um tanto desorganizada”, disse Mourão. Ele acrescentou que acredita que o Congresso deve realizar um balizamento sobre o assunto. “Quem é que decide o que eu vou suprimir ou não? Tem que ter algo que balize isso efetivamente. Vejo dessa forma”.
Internet: para Lira, PL é o instrumento certo
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, ontem, que o caminho mais correto para se tratar das questões sobre as fake news é um projeto de lei. Um projeto precisa, antes de começar a valer, passar pelos ritos, debates e possíveis modificações de responsabilidade de deputados e senadores, enquanto, uma medida provisória (MP), editada unilateralmente pelo Poder Executivo, tem efeito imediato. Neste fim de semana, Jair Bolsonaro anunciou o envio ao Congresso de um projeto de lei que pretende mudar o Marco Civil da Internet e dificultar a remoção de conteúdos por parte das grandes plataformas de redes sociais. A nova proposta, anunciada no último domingo pelo governo, é uma tentativa de ressuscitar a MP1.068, que tinha a mesma finalidade e foi editada pelo presidente às vésperas dos atos de 7 de Setembro. “Caminho correto é sempre projeto de lei. Já disse isso diversas vezes. Quando se manda um projeto de lei que não tem vigência imediata, que o Congresso pode discutir, alterar, modificar, é muito mais palatável”, acentuou Lira.